Castro Alves
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A águia é o gênio... Da tormenta o pássaro,
Que do monte arremete o altivo píncaro,
Qu’ergue um grito aos fulgores do arrebol,
Cuja garra jamais se peia em lodo,
E cujo olhar de fogo troca raios
— Contra os raios do sol.
Não tem ninho de palhas... tem um antro
— Rocha talhada ao martelar do raio,
— Brecha em serra, ant’a qual o olhar tremeu...
No flanco da montanha — asilo trêmulo,
Que sacode o tufão entre os abismos
— O precipício e o céu.
Nem pobre verme, nem dourada abelha
Nem azul borboleta... sua prole
Faminta, boquiaberta espera ter...
Não! São aves da noite, são serpentes,
São lagartos imundos, que ela arroja
Aos filhos pra viver.
Ninho de rei!... palácio tenebroso,
Que a avalanche a saltar cerca tombando!...
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O gênio aí enseiva a geração...
E ao céu lhe erguendo os olhos flamejantes
Sob as asas de fogo aquenta as almas
Que um dia voarão.
Por que espantas-te, amigo, se tua fronte
Já de raios pejada, choca a nuvem?...
Se o reptil em teu ninho se debate?...
É teu folgar primeiro... é tua festa!...
Águias! Pra vós cad’hora é uma tormenta,
Cada festa um combate!...
Radia!... É tempo!... E se a lufada erguer-se
Muda a noite feral em prisma fúlgido!
De teu alto pensar completa a lei!...
Irmão! — Prende esta mão de irmão na minha!
Toma a lira — Poeta! Águia! — esvoaça!
Sobe, sobe, astro-rei!...
De tua aurora a bruma vai fundir-se
Águia! faz-te mirar do sol, do raio;
Arranca um nome no febril cantar.
Vem! A glória, que é o alvo de vis setas,
É bandeira arrogante, que o combate
Embeleza ao rasgar.
O meteoro real — de coma fúlgida —
Rola e se engrossa ao devorar dos mundos...
Gigante! Cresces todo dia assim!...
Tal teu gênio, arrastando em novos trilhos
No curso audaz constelações de idéias,
Marcha e recresce no marchar sem fim!...
Perseverando was written by Castro Alves.
Castro Alves released Perseverando on Tue Jan 01 1867.
“A Regueira Costa
Tradução de Victor Hugo” – Castro Alves