Ao Dous de Julho by Castro Alves
Ao Dous de Julho by Castro Alves

Ao Dous de Julho

Castro Alves * Track #49 On Espumas Flutuantes

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Album Espumas Flutuantes

Ao Dous de Julho by Castro Alves

Release Date
Tue Jan 01 1867
Performed by
Castro Alves

Ao Dous de Julho Annotated

É a hora das epopéias,
Das Ilíadas reais.
Ruge o vento — do passado
Pelos mares sepulcrais.
É a hora, em que a Eternidade
Dialoga a Imortalidade...
Fala o herói com Jeová!...
E Deus — nas celestes plagas —
Colhe da glória nas vagas
Os mortos de Pirajá.
Há destes dias augustos
Na tumba dos Briareus.
Como que Deus baixa à terra
Sem mesmo descer dos céus.
É que essas lousas rasteiras
São — gigantes cordilheiras
Do senhor aos olhos nus.
É que essas brancas ossadas
São — colunas arrojadas
Dos infinitos azuis.
Sim! Quando o tempo entre os dedos
Quebra um sec’lo, uma nação...
Encontra nomes tão grandes
Que não lhe cabem na mão!...
Heróis! Como o cedro augusto
Campeia rijo e vetusto
Dos sec’los ao perpassar,
Vós sois os cedros da história,
À cuja sombra de glória
Vai-se o Brasil abrigar.
E nós, que somos faíscas
Da luz desses arrebóis,
Nós, que somos borboletas
— Das crisálidas de avós,
Nós, que entre as bagas dos cantos,
Por entre as gotas dos prantos
Inda os sabemos chorar,
Podemos dizer: “Das campas
Sacudi as frias tampas!
Vinde a Pátria abençoar!...”
Erguei-vos, santos fantasmas!
Vós não tendes que corar...
(Porque eu sei que o filho torpe
Faz o morto soluçar...)
Gemem as sombras dos Gracos,
Dos Catões, dos Espartacos
Vendo seus filhos tão vis...
Dize-o tu, soberbo Mário!
Tu, que ensopas o sudário
Vendo Roma — meretriz!...
Ai! Que lágrimas candentes
Choram órbitas sem luz! —
Que idéia terá Leônidas
Vendo Esparta nos pauis?!...
Alta noite, quando pena
Sobre Árcole, sobre Iena,
Bonaparte — o rei dos reis —,
Que dor d’alma lhe rebenta,
— Ao ver su’águia sangrenta
No sabre de Juarez!?...
Porém aqui não há grito,
Nem pranto, nem ai, nem dor...
O presente não desmente
Do seu ninho de condor...
Mãos, que, outrora de crianças
A rir — dentaram as lanças
Dos velhos de Pirajá...
De homens hoje, as empunhando,
Nas batalhas afiando,
Vão caminho de Humaitá!...
Basta!... Curvai-vos, ó povo!...
Ei-los os vultos sem par,
Só de joelhos podemos
N’est’hora augusta fitar
Riachuelo e Cabrito,
Que sobem para o infinito
Como jungidos leões,
Puxando os carros dourados
Dos meteoros largados
Sobre a noite das nações.

Ao Dous de Julho Q&A

Who wrote Ao Dous de Julho's ?

Ao Dous de Julho was written by Castro Alves.

When did Castro Alves release Ao Dous de Julho?

Castro Alves released Ao Dous de Julho on Tue Jan 01 1867.

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