Castro Alves
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Na torrente caudal de seus cabelos negros
Alegre eu embarquei da vida a rubra flor.
— Poeta! Eras o Doge o anel lançando às ondas...
Ao fundo de um abismo... arremessaste o amor.
Depois minh’alma ao som da Lira de cem vozes
Sublimes fantasias em notas desfolhou.
— Cleópatra também pra erguer no Tibre a espuma
As pérolas do colar nas vagas desfiou!
Depois fiz de meu verso a púrpura escarlate
Por onde ela pisasse em marcha triunfal!
— Como Hércules, volveste aos pés da insana Onfália
O fuso feminil de uma paixão fatal.
Um dia ela me disse: “Eu sou uma exilada!”
Ergui-me... e abandonei meu lar e meu país...
— Assim o filho pródigo atira as vestes quentes
E treme no caminho aos pés da meretriz.
E quando debrucei-me à beira daquela alma
Pra ver toda riqueza e afetos que lhe dei!...
— Ai! nada mais achaste! o abismo os devorara...
O pego se esqueceu da dádiva do Rei!
Na gruta do chacal ao menos restam ossos...
Mas tudo sepultou-me aquele amor cruel!
— Poeta! O coração da fria Messalina
É das fatais Danaides o pérfido Tonel!
O Tonel das Danaides was written by Castro Alves.
Castro Alves released O Tonel das Danaides on Thu Oct 14 1869.