Somos a Luz

[Letra de "Somos a Luz" de Carpe Diem]

[VERSO 1]
Homem primeiro, primeiro homem
Filhos da terra do fogo e do sol
Devíamos ter realeza no nome
Que eu nunca me envergonhe, que eu me assuma como sou
Quando amamos somos divinais
A matéria da qual fomos feitos não existe mais
Cultivamos o solo abaixo dos pés
Nossa existência é rítmica, quando dançamos somos reis
Temos a pele que abraça o sol
O riso da mulher preta é como o acender de um farol
Ilumina, revigora, realeza
Mulher preta dotada da força da natureza
Nós viemos pegar o que é nosso
Olhamos pro espelho e vimos que somos belos
Agora é a hora, é o nosso momento
Deixa-nos passar, nós somos o povo negro

*24 de Abril, 1944
Tribunal do condado de Clarendon, Carolina do Sul, Estados Unidos da América*

[VERSO 2]
Deixem-me ir pra casa, por quê que olham assim
E eu não vejo os meus parentes, por quê que não estão aqui
Juiz, meu nome é George eu tenho apenas 14
E eu não tenho culpa nisso, será que alguém me ouve
Alguém me escuta eu devia estar em brincadeiras
Olhem pra estatura, eu nem sirvo nesta cadeira
Eu sou menor e estou apavorado, tenho medo
Não mereço os volts que me vão fritar o cérebro
Eu quero advogados mais adequados
Dotados, que podem contra esses júris brancos
Se não há testemunha ou confissão escrita
Por quê que distanciaram-me da minha família
Por quê que falseiam o meu julgamento
Roubam-me a paz e oferecem sofrimento
Por quê que a América cospe nos meus direitos
Deixem-me viver, eu tenho sonhos, eu sou negro

*Em memória de George Stinney
Afro americano de 14 anos que foi acusado injustamente
De ter assassinado duas meninas brancas em 1944
Foi condenado a morte por cadeira elétrica com uma descarga de 5.380 volts
Descansa em Paz. *