Dança da Chuva

[Letra de "Dança da Chuva" de Carpe Diem]

[VERSO 1]
Gente de pouca monta, pária na populaça
Raça dos que não encontram paridade na balança
Dos que não comem nada, não têm assento na banca
E de pança vazia questiona o que se dança
Cobaias agradáveis nas manápulas das crises
Que não se revêm naquilo que o Ministro diz
O político mente, ele não tem fé no nosso bairro
Nega oportunidades e dá um saneamento precário
Ministraços agem como se nos fizessem favores
Cidadania é privada, polícia espalha pavor
Ao longe ouvem-se os tambores, o colapso anuncia
Democracia perdеu a fala, hoje tão pouco balbucia
Uns seguem céticos, outros com fé nas prédicas dos clérigos
E na salvação da raça dе Adão que atrasa há séculos
Amanhã será diferente? Nada nos garante
Não obstante, não impeça que a criança dance

[Refrão]
Ao som do vento, ao ritmo da vida
Do amor extenso, ao rito de partida
Milhares de aurora não brilharam ainda
O sol sempre nasce, não há noite que não finda (2x)

[VERSO 2]
Deixa que a criança dance, deixa que se faça chuva
Não subtraia-lhe a esperança de uma sociedade justa
Não subtraia-lhe a inocência, não rouba-lhe a pureza
Permita-lhe a aprendizagem da coragem da luta
Que uma vida é possível sem quebrar a postura
A vitória também mesmo que velem pela nossa gastura
Alta costura não é retidão, levanta o pano
O Diabo não traz tridente e pode ter cheiro humano
Deixa que se faça chuva e com ela raios fuzilantes
Que reduzam a nada a miséria e o caos adversante
Deixa que purgue a terra e que o sol nasça radiante
Que inspire pureza a era e nos permita olhar adiante
Transforme a dúvida em fé, hesitação em força
Permita a criança dance e que Deus a ouça
Amanhã será diferente? Nada nos garante
Não obstante, não impeça que a humanidade dance

[Refrão]
Ao som do vento, ao ritmo da vida
Do amor extenso, ao rito de partida
Milhares de aurora não brilharam ainda
O sol sempre nasce, não há noite que não finda