Apneia

[Letra de "Apneia" de Carpe Diem]

[VERSO 1]
Janeiro, meu pai dorme numa cama de hospital
A noite foi infernal, aflitiva, passou mal
Diagnóstico primordial, obstrução intestinal
Sente dores abismais e a condição é crucial
Abalo familiar, não estávamos prevenidos
Com tremor típico de lidar com o desconhecido
Apanhados de susto e totalmente desprovidos
De bases emocionais para lidar com o sucedido
Minha mãe de saúde frágil sofria duas vezes
Era a mão do luto acenando duas vezes
Mas não a avistei a fraquejar nenhuma vez
Sua fé era o arsenal para travar o revés
Noites em claro sem intervalos na porta do hospital
Incansável, em busca de informação pontual
E às vezes sem alimento, exposta ao relento
A mercê do sol, da chuva e do vento

[Refrão - Yaki]
Meu mundo foi-se ao chão
Minha vida vã em meio ao caos
Oh, céus! Jamais vivi com tanta dor
Deus, peço que atendas o meu clamor

[VERSO 2]
Telefonema, minha irmã me falava em tom langue
O pai será operado e necessita-se de sangue
Saí o mais rápido possível em direção ao hospital
Minha presença no local era mais que essencial
Nunca estivemos tão unidos ou então falta-me memória
Nunca atendemos todos à mesma convocatória
Nunca viramos a cara para mesma direção
Com o mesmo peso nas mãos, mesma prece e oração
Meu pai disse que bastava termos fé
Que em breve estaríamos juntos e sairia de lá de pé
Não o fazia há algum tempo, mas tive que olhar pros céus
Senti-me impotente e entreguei tudo para Deus
Cirurgias sem complicações, meu pai está vivo
Com o vigor característico pra partilha-los com os filhos
Enfim, a treva foi-se o dia nasceu tranquilo
Seu rastilho é de coragem, vou honrá-lo e segui-lo

[Refrão - Yaki]
Meu mundo foi-se ao chão
Minha vida vã em meio ao caos
Oh, céus! Jamais vivi com tanta dor
Deus, peço que atendas o meu clamor