[Verso]
Se eu pudesse dar tudo por isto
Talvez fosse diferente
Não me chega saber que é para sempre
Quando esse sempre acaba num despiste
Uns dizem que eu sou delinquente
Só porque diariamente eu arrisco
Desde a primária que eu rabisco o tempo
Claramente não é hoje que eu desisto
Um dia gravo o disco, еu pago o petisco
Que as unhas que mordisco fazеm me pensar
Eles estão a ganhar, foi só mudar o isco
Enquanto eu insisto ficar no mesmo lugar
Batalhar pela paz
Estender a mão a quem ficou para trás
Só vejo quem sou em lembranças tão más
Mas sei quem sou e do que sou capaz
Não chego a ser audaz, cabeça de cartaz
Manter a certeza, auto estima de um gajo, yah
Não troco a vida lá de cima
Pelo clima cá de baixo
Procuro ar puro
Um olhar para o futuro
Ninguém me disse que eu rimava bem
Mas o que eu oiço
Obriga-me a vir mais forte e mais puro que ninguém
Tou seguro como alguém com seguro de vida
A dançar no escuro, eu misturo a bebida
Abafado pelo meu lado mais burro
Até ao meu lado maduro indicar a saída
E às voltas ao sol, perdi o control
Saí da órbita, voltei ao solo
Tu não vês, cada vez que eu me isolo?
Os motivos, porquês que eu enrolo
A filha quer colo, eu quero o sol para ela
Tudo que eu ganhar tem o rótulo dela
Cada vez que eu tentar, eu tentei por ela
Se eu cair, voltarei para dar tudo para ela
Menina à janela, caracóis à rua
A coisa mais bela do mundo é minha
Pequena rainha, a vida é tua
Mas não te safas de um pai galinha
Se eu pudesse voltar atrás, não voltava
Se quisesse apagar o passado, não apagava
Universo é um verso que não acaba
A tese só termina com a propina paga
Caga, o rap nunca teve vaga
E hoje para ter lugar tens que pagar a cunha
Eu punha era uma bomba nessa praga
E adotava Abdul como alcunha
Sou unha com carne
Um rap sem charme
Toca o alarme, vim mudar o destino
Componho o meu hino até a morte chamar-me
Apanhar-me e deixar-me acordar desse dream
Mantém-te firme
Mantém-te firme
Desde puto que mal paro em casa
Corro tudo e tudo me atrasa
Há uma vida que eu oiço a minha mãe a dizer
Isso da música logo passa
Mas passa o dia
Passam os anos
E nós cá estamos com vista para a Ria Formosa
Uma via perigosa, mudança dos planos
Mas aguentamos a tirania dos manos
Cobardia é dos manos que ganhamos a cria dos manos
Quem diria que a gente ainda viveria
Com tudo aquilo que passámos
Prefiro a miséria que a boca dos media
Fugir da média, juntar a família
Não vejo fé numa bíblia, mas tou na fé
Mesmo a pé e sem tíbia, boy
(com a minha força e com a minha vontade)
Tenho dividido vindimas
Tenho trazido o rap à origem
Tenho mantido a palavra
Mesmo sabendo que essa cabra nunca te soa bem
Agradeço o desprezo que me deram
Muito não quiseram uma reviravolta
Rogaram pragas, falaram, fizeram
Mas hoje estão a ver que o que não mata, engorda
Eu tive afastado, foi complicado
Mas o bom filho
Volta sempre a casa
Voltei à base
Com umas quantas batidas, peguei no que já tinha escrito
E baza para Portimão, sonho é inspiração
Exponho o que sinto
E o que eu tenho, não troco
Até podes ser bom, mas sem dedicação
Nunca te dirão que um dia foste forte
Menina à Janela was written by SUBTIL.
Menina à Janela was produced by Praso.
SUBTIL released Menina à Janela on Mon Oct 08 2018.