Repetitivo

[Estrofe I]
Não sou cantor, não sou músico
Sou o artista perdido no meio do público
Sem noções de toques de instrumentos sonoros
A voz porca, do esgoto que suja esses coros

Caracterizados por falhas nos tons
Onde o sentimento e o instinto esfolam-se e fazem sons
O sentimento e o instinto nem sempre acabam em química
Mas a vontade faz magia e cria força anímica

Não sou moderno, assumo afecto com o arcaico
Linguajar imensurável, pouco prosaico
Mas a comunicação é feita em português…
Em marés de canetas e folhas de papéis

Fora da expectativa do que se pretende
Sorriso sarcástico ao familiar que não entende
Que isso é um estilo que pariu um estilo de vida
Por isso, estou nem aí se não te agrada a batida

[Refrão]
Tia esse é o teu sobrinho que não verás na TV
Lamento, primo se isso não te fará comprar o CD
Mãe suporte o meu barulho mesmo sabendo que não chego lá
Não quero sair, não quero partir, eu morrei mesmo por cá (2x)

[Estrofe II]
A ignorância me quer difundida a todo nível
A TV é a certificação que faz o artista credível
Esta é a percepção que se tem por esses solos
Mas em companhia do cérebro acho outros polos

Eu assumo rótulos, eu vivo no esgoto
Distante dos artistas ao nível de escroto
Estou no lodo, alérgico a superfície, não volto
Mas se vens contra mim, volto e bates torto

Perguntas são várias a respeito do trabalho
Cadê o patrocínio, patrocínio é o caralho
Eu estou na via, estou na linha pergunte ao Sanguinário
Timbro CDs, T-shirts com suor do salário

Já agora, tenho CDs e T-shirts comigo na mochila
Vendo na rua eu mesmo organizo a fila
Arte é isso e não o que essa mídia viraliza
Que submete o artista maltrata e escraviza

[Refrão]
Tia esse é o teu sobrinho que não verás na TV
Lamento, primo se isso não te fará comprar o CD
Mãe suporte o meu barulho mesmo sabendo que não chego lá
Não quero sair, não quero partir, eu morrei mesmo por cá (2x)

[Estrofe III]
Mesmo ao longe consigo ver a vossa pretensão
De ver o Undergound entrar em extinção
Mas é a nós que procuram para música de elevação
Nós somos a luz na escuridão

Mas bem lá no fundo, eu temo a tempestade
Pois éramos milhões roubaram a metade
Dos mestres de cerimónias que andavam por cá
Mas hoje só passam a vida inteira a postar

Microfones choram solitários não existem trabalhos
Mestres concorrem a categorias de paspalhos
Redes versus estúdios, o primeiro leva a melhor
E radialistas pensam que nos fazem favor

Mas eu deixo seus convites ganharem bolor
Quanto a ti, eu não preciso do teu palpite
Não te agrada desliga o som, eis o convite
Se algum que me incomoda é só a minha sinusite

[Refrão]
Tia esse é o teu sobrinho que não verás na TV
Lamento, primo se isso não te fará comprar o CD
Mãe suporte o meu barulho mesmo sabendo que não chego lá
Não quero sair, não quero partir, eu morrei mesmo por cá (2x)