[Verso 1: Rafal]
Uns bailes, boates, de rolê pela cidade
Vou construindo linhas, exalando a liberdade
O play no Rec, o grafite e o piche
O break dance, que rola e cê não resiste
Além de protesto, alegro nos beats
Pra dizer que não é só desgraça que existe
Vivo nessa guerra civil, que é negada
Elevo sorriso, e levanto a mão da rapa
Pedrada aqui no beat, solta a minha levada
To dominando a pista então segura, meu parça
Aprendi com os melhores, senta e relaxa
Curte os elementos que saem das caixas
Vivo essa porra muito mais que empenho
A visão ampliada em cada momento
E alguns passos são dados, eu to desenvolvendo
Quebrando tabus, e senhores do engenho
Se solta, relaxa, essa é pra meus parças
To elevando o nível na minha quebrada
Tirando a neblina enquanto o sol raia
Antes que seja tarde, não aflore mais nada
Um brinde pra nóis, aqui só os parceiros
As Margens tamo junto, causando pesadelo
Aqueles 5 pretos, dos becos, do gueto
Levando mensagem, pra todos guerreiros
[Interlúdio]
A revolta negra ta viva...
Salve Malcolm X, Salve Mandela
Martin Luther King
[Verso 2: Insano]
5 Pretos das margens, sem picaretagem
A vida é linda mesmo eu só vendo uma parte
Da fome, das mortes, dos racistas encubados
Da falta de justiça e dos meus injustiçados
Em meio a guerra urbana, existe tempo pra sorrir
Descobri, que a vida, é muito mais do que vive
Em meio a violência, criar um refugio
Tentar ver alegria ao chegar em casa sujo
Encontrar a mãe bem, sem preocupação
Ver a filha crescer, é a maior satisfação
Aprender o máximo, explorar conhecimento
Viver cada momento, ser cada momento
Rodeado de mentiras, tenta ser feliz
O aprendiz não aprende com o mestre
O mestre aprende com o aprendiz
Assim me diz, sem julgar, não sou juiz
Correndo pelo certo, assim sempre fiz
[Verso 3: Will]
Nos nossos terreiros, praticamos o bem
Não é rap por dinheiro, mas pra você ir além
Nos falantes Wu-Tang, de rolê na quebrada
3 pretos no Chevette, sera que os cana embaça?
Com a nossa fumaça, com o nosso estilo
Será que vou ser preso por ser mais um pretinho?
Revoltado em atrito, com suas contradições
Nos presídios há vida e não só rebeliões
Nos queremos ações, concretas e punitivas
Pra quem rouba de terno e desfila em Brasilia
Com pouco eu vivo a vida, ser anti capitalista
Contra as manobras da mídia e a sociedade racista
Então, negro sorria, pois a favela é linda
Minha gente desfila depois da quarta de cinzas
Somos mentes criativas, em uma moderna senzala
Nos deram pés e orelhas, fizemos a feijoada
As Margens released Praticando o Bem on Thu Jun 15 2017.