Alimento

[Verso]
Mãe, queria-te dar uma palavra de agradecimento
Por me teres criado e dado alimento
Ainda eu não falava, chorava
Quando a tua mão e o teu jeito de mãe me dava calma
Penso que com isso crias-te um puto contente
Penso que me ensinas-te a importância do bom alimento
Fui muito carente e acarinhado por ti nesse tempo
Hoje sinto o vigor e continuo eu mesmo
A fazer o pitéu seguindo os ensinamеntos
Mas hoje, eu sinto uma outra fome
Estas musicas quе faço dão-me cada vez mais fome
E não me dão alimento, nem me fazem mais forte
E cada vez mais fraco, gasto energias
Vingando no tabaco, é o odor das minhas rimas
Mas daquilo que faço, é o que me dá mais alegria
Embora não encha o prato, é o que me revitaliza
Embora eu tenha estudado para professor
Sinto-me mal ensinado, sinto que os meus verdadeiros
Professores foram outros, estou-lhes grato
Deram-me um mic, rápido foi verbalizá-lo
Estou um pouco magro... teso
As rimas que trago no bolso não fazem diferença
No peso do meu corpo
Estou preocupado é como o meu puto
Mas será bem alimentado
Pois tem por pai um louco
Reconhecido e carimbado. Por ele:
Nem que tenha de voltar aos baldes
Pode não comer gourmet nem leite dos Alpes
Mas vou assegurar que nada lhe falte
Nada lhe toque, de mal nada lhe calhe
Para que a Educação e a Saúde não falte
Para que não falte amor de mãe
Nem amor de pai
Nem energia para que um de nós lhe ralhe
Em casa não faltará alimento, do talho, da padaria
Da mercearia
Nem que saia de manhã para o trabalho e só volte
No outro dia. Antes eu que a criança faminta!
Mas irei e voltarei a pensar em rimas, imaginar batidas
Pois não posso evitar, são cenas quase instintivas
Musica, porque me motivas?