[Letra de "Trajetória"]
[Verso 1]
Ninguém pode mudar o destino, se não fores tu a primeira
Pessoa a fazer com que o que é bom se aproxime
Fiz da segunda, quarta-feira, sonos trocados
Nada dura a vida inteira e a sorte vem nos dados
Lançados pelo tabuleiro como mandam as leis
Mas já o joguei uma série de vezes e não saiu o seis
Sou duma espécie em vias de extinção, na via, mas em contramão
À espera que o sol nasça porque quem procura acha solução
Respiro fundo, às vezes fundo de mais
Não posso andar a fundo, o carro faz fumo de mais
No fundo fui só mais um, um como não apanhas mais
Houve coisas estranhas nas quais vi conveniência a mais
Se cais levantas-te sozinho sem o apoio de ninguém
Culpar os outros não adianta quando a escolha foi tua
E tu vais voltar a cair nem que seja empurrado por alguém
P'ra poderes perceber que mesmo sozinho a vida continua
Pergunto à lua se falta muito p'a ela se pôr
Enquanto a chuva me lava a alma, salva-me desta dor
Ainda reencarno poeta, charme é pegar numa esferográfica
E escrever de forma mágica a melhor sátira poética
Tudo tem uma ordem, mas ignorância do Homem
É uma substância que hoje em dia até as mulheres consomem
Triste como tu que te ris de tudo e todos e nem ouvistes os lobos
Aquilo que não gostas que façam a ti, não faças aos outros
Básico, onde basicamente nada faz o teu tipo
Onde o piloto automático é um hábito pré-definido
Onde o habitual é dar valor ao brilho superficial
Das coisas em vez de ver as coisas noutro sentido
[Refrão]
Cresci com poucos do meu lado, num silêncio em que o
Oportunista quer os rebuçados todos p'ra comer só
Vim pelo caminho, terra batida, ferida cheia de pó
Se não infetar logo cura sozinho
Cresci com poucos do meu lado, num silêncio em que o
Oportunista quer os rebuçados todos p'ra comer só
Vim pelo caminho, terra batida, ferida cheia de pó
Se não infetar logo cura sozinho
[Verso 2]
Numa geração de réplicas
Tento manter uma ligação saudável com as minhas métricas
A maré é instável, e o barco insuflável em que eu viajo
Não navega num oceano de bactérias
Matérias perigosas, tipo almas gananciosas
Quando eu sempre te disse que isso são flores venenosas
Perfumes não sabem ao que cheiram, mas tu ainda provas
Do veneno com esperanças de vires a gostar do sabor das rosas
Descalço as botas de borracha, sinto um calor nos pés
Só de pensar nas merdas a dor sobe pelas pernas
Aqui lutas contigo próprio até descobrires quem és
E perceber que tudo depende da forma com que te entregas
Aqui não dá p'ra voar sem paraquedas
A minha cota 'tá farta de me amparar as merdas
A minha alma ainda sente o calor de feridas abertas
Já quebrei tantas regras
Páginas semi-completas, lágrimas e rimas
Sátiras, são dádivas divinas
Máquinas assassinas controladas pela Mídia
Várias histórias mal contadas encadernadas na Bíblia
Meu avô na guerra da Índia
Os nossos filhos na guerra da Síria
É impossível mudar um destino
Quando é o teu Deus quem o cria
Por isso eu quero que s'a foda o destino
Eu sei que a erva cresce, mas morre se não for regada
Fotossíntese da vida é como a roleta dum casino
Onde a sorte é uma morte predestinada
Pega no trinta e oito e mata, dispara p'ro ar
Pontaria fraca, mas não vais falhar
Aqui quando a noite ataca, carne fraca, ao mar
Não há destino a mudar
[Refrão]
Cresci com poucos do meu lado, num silêncio em que o
Oportunista quer os rebuçados todos p'ra comer só
Vim pelo caminho, terra batida, ferida cheia de pó
Se não infetar logo cura sozinho
Cresci com poucos do meu lado, num silêncio em que o
Oportunista quer os rebuçados todos p'ra comer só
Vim pelo caminho, terra batida, ferida cheia de pó
Se não infetar logo cura sozinho
Trajetória was written by SUBTIL.
Trajetória was produced by Beat.Apotheke & F.O.T.H. & RandyOne.
SUBTIL released Trajetória on Fri Dec 13 2019.