7 de junho de 1991 é a data de nascimento do rapper Subtil.
Esta faixa inclina-se para um lado mais sentimental do artista, onde o mesmo fala sobre as suas vivências, além de ter o objetivo de tentar passar uma mensagem de esperança e reconforto aos seus ouvintes:
Significa que tudo interessa na no...
[Letra de "07/06/91"]
[Verso]
7 de Junho de 91, três testemunhas na sala do parto
Pela segunda vez a Mena dá à luz
Segundo filho, outro quarto
Eu perdi o brilho com a idade
Na escola nunca fiz sucesso
Para os mais velhos era um puto mimado
Aos 14 o primeiro processo
Primeira tarde de excessos
O primeiro charro
Na primária já tinha versos, no 6º já tinha catarro
A funcionária não gostava dos blacks
Nem dos brancos que vinham de autocarro
Num sítio onde ciganos são dreads
E todos os dreads bebem do jarro
A vida é vida para além do barro que pisamos
A rua onde nos conhecemos, tem uma Lua que admiramos
E amamos quando menos sabemos
E eu só me entrego a este rap, recarrego energias
Nem sempre foi some e segue
Esquivei a bófia todos os dias
Hoje é diferente mano, consciente mano
Que muitos não têm consciência para entrar no plano
E falo por experiência própria
Auto-suficiência não é cópia do ramo
Cresci a ver o carocho a dar na gringa
A brincar às escondidas, o avô na pinga
Dividi o que tinha e não tinha
Com pessoas que não eram da minha família
Dei love, chorei ódio
Estou feliz, fui eu próprio
Sempre fiz porque quis e nunca quis chegar a casa sóbrio
Sinto um peso nas costas, hoje nem a morte me trava
Eu e ele, bancada de apostas
Mas nem com 100 tropas nas costas se safa
Nem fez mossa, nem deixou marca
A rua é nossa, “sa foda” o autarca
Deram-me uma fossa e eu arranjei o mapa do tesouro da casa de um patriarca
Se eu souber a pass, digo-te
Quase, quase, que foste meu amigo
Tudo é uma fase
Mas a minha frase tem que ter sentido
Tem que ser sentida e eu devia ter ouvido mais a minha mãe
Mas eu assumo as culpas
Fica mal dizer que foi influência de alguém
As minhas lutas são minhas, não costumo fazer mal a ninguém
Sem muito mais espaço para mais entrelinhas
Apago a que vai, escrevo a que vem
Um trevo sem folhas, uma vida sem alma
Nunca fui bom a fazer escolhas
Nem a fazer as coisas com calma
Cada som é um som que emite o que permite abafar a dor
E a dor é um tipo que eu tipo já nem dou valor
Ainda tenho quem me faça acreditar no amor
E eu vou regar essa flor
Ainda me empenho num desenho sem cor
E eu não quero alimentar esse choro
Ainda tenho um longo caminho pela frente
E seja como for
O que tiver que ser será, mas isso sou eu a supor
Sou eu a compor sobre tudo
Quando tudo gira em torno do amor
Mas esse tudo só gira com combustível no motor
Insensível à dor
Ou faço-me de forte, faço-me à sorte
O meu corpo é só um transporte
De uma alma à deriva, o karma da vida
Um caminho para a morte
Um cantinho na morgue todos temos
Um lugar no céu é que eu já não sei
O que eu sei é o que o que todos sabemos
E eu só sei que nada sei
A teu respeito
E eu não tenho direito de julgar ninguém
Por isso respeito quem se dá ao respeito
Dentro e fora do armazém
Dentro e fora eu sou o mesmo, fora e dentro eu fiz o mesmo
Até perceber que eu sou mais do que isto
Basta apenas eu ser mesmo
Basta apenas fugir dos problemas, pensar positivo até obtermos
O querermos da vida não é o contrato em si, são os termos
Não há maçã que não comamos
Não há amanhã se não comermos