[Letra de "Sempre Fui"]
[Verso 1]
Só quero encontrar o caminho antes que acabe dead
Já que são só gigantes ignorantes sem papo recto
E os vendedores ambulantes que aparecem no meu trajecto
Têm a caravana carregada de mentiras até ao teto
Só quero ficar longe disso, longe disso
Se um dia eu mudar não foi porque alguém me disse
Se um dia eu deixar de ser quem sou perco o sorriso
E troco o afeto que sinto pelo dinheiro que preciso
Eu sismo, eu fiz-me à pista mas não entro para a estatística
E esta veia artística é uma mão cheia de problemas
Onde os poemas são a minha maior característica
Há quem queira saber a balística, o processo de logística
Quando é o verso que cria a mística
Quando foi o Universo o impulsionador
De todo o amor ao qual o homem chama química
A vida tem sido ríspida boy
E eu nunca me fiz de vítima boy
Mas é bom que tu percebas de uma vez por todas
Que não é só aos teus que dói
Aos teus que mói, o quanto me dói as costas
O quanto eu me queixo e nem com trinta nas pernas
O meu pai com o dobro dos anos, o triplo das voltas
E só se queixa das coisas boas não serem eternas
Sinto um arrepio na vértebra que me inquieta
Tipo uma bomba da Eta, que rebenta
Eu vou morrer à espera, que digam que eu sou poeta
Quando metade de vocês nem sabe o que representa
[Refrão]
O objectivo disto não é enriquecer
Nunca foi, nunca há-de ser
Sou o que a transparência transparecer
Evidência do meu eu, do meu ser, ser
O mesmo até morrer é a única coisa que eu posso ser
Ser mais do que fui ontem, ontem foi só um teste
Hoje posso fazer melhor, amanhã melhoro o resto
Hoje foi do teu interesse, amanhã já não presto
Afinal sempre fui o mesmo, andei foi a leste
[Verso 2]
Para muitos faz confusão eu ter chegado aqui
Quando a minha carta de condução é profissional
Quando tu és daqueles que só vêm com a condição
De poder ter uma vida normal
Desde sempre que eu escrevo, em casa sempre acharam estranho
Dizem que rap não é musica, é um defeito que eu tenho
Tenho borrado o desenho, feito merda de todo o tamanho
Vou e venho, mas boleias é coisa que nunca apanho
Bloqueiam-me a passagem, ideias na bagagem
Dão origem a uma rusga por eu não ser como eles são
Cortam a faixa de rodagem até verem que a embalagem
Afinal de contas era só inspiração
Sou bem mais do que isto, mais do que tu viste
Mais do que eu visto é o que a vida me tornou
Se for preciso eu dispo-me sem complexos, visto
Que não é só nos versos que está aquilo que eu sou
Sou o reflexo dos excessos que o meu corpo tomou
Sou um acesso interdito que ninguém atravessou
Há quem diga que sou erudito
Quando isto dito assim nunca funcionou
Porque é que nos vamos dar mal? Se nunca nos demos bem
De uma forma pessoal nem nós nos conhecemos bem
A viagem é opção própria, eu levo a minha poção própria
Porque eu próprio sei que não posso confiar em ninguém
Nem que te pintes de ouro, ou de ouro o mundo todo
Vais harmonizar a dor, tirar a fome a um gordo
Rivalidades, barradas à entrada matam putos sem culpa de nada
E tu ainda queres que eu confie no porco
Meu sangue frio não corre a fio
Há quem decore o quarto tipo um buraco sombrio
Um buraco vazio, um x-acto, um X de cortes no braço
Sou o único culpado de ter falhado o desafio
O objectivo disto não é enriquecer
Eu só quero dar a entender a quem me ouve
A vida nem sempre é fácil, sofremos fácil
E eu estou farto de começar de novo
Recuperar o fôlego, ou tempo perdido
Existem momentos para tudo, nada é um dado adquirido
E o dado rola e o dado rola, e o dado rola
Até ao dia em que te dês por vencido
Mas não me dou, aquilo que eu sinto nunca mudou
Desde puto que sei para onde é que vou, e onde é que vou?
Vou onde tudo o tempo levou, e onde é que estou
A tentar não fugir da pessoa que sou
Desconectou, perdi a rede, sinal fraco
Já não sou o mesmo puto que brincava no parque
Já não sou o mesmo sendo o mesmo que sempre fui
Mas isso faz parte
[Refrão]
O objectivo disto não é enriquecer
Nunca foi, nunca há-de ser
Sou o que a transparência transparecer
Evidência do meu eu, do meu ser, ser
O mesmo até morrer é a única coisa que eu posso ser
Ser mais do que fui ontem, ontem foi só um teste
Hoje posso fazer melhor, amanhã melhoro o resto
Hoje foi do teu interesse, amanhã já não presto
Afinal sempre fui o mesmo, andei foi a leste
Sempre Fui was written by SUBTIL.
Sempre Fui was produced by Beat.Apotheke.
SUBTIL released Sempre Fui on Fri Feb 12 2021.