Outra vida

[Verso 1]
Saudade que me custou a admitir
Mas sempre fui sincero comigo mesmo sem ti
Pressinto sempre que num próximo futuro
Podemos não existir mas ainda coexistimos em mim
Gostava de poder tudo conhecer sem estudos
Imaginar e alargar os horizontes mais profundos
Só quis compreender o céu num ser de terra
Mas aprendi que estar não depende só das pernas
Se correr não me impeças, preciso de peças p'ra guеrra
A paz não se exercе, a paz governa-se
Quem sabe o que vive na realidade mais definida
Lembro-me do que vivi mas nunca me lembro da partida
E se é corrida só de meta, qual a finalidade?
Chegar a fim cortar a corda e doar à caridade?
Será que é assim que me roubam? do sofrimento que não sinto
Ser empático por vezes causa-me dores no limbo
Acordo com certezas que não me lembro de ter ingerido
E são sobremesas em restaurantes mais apetecidos
Que transformam um incentivo num culto de adesivos
Pancada comunitária numa sociedade de seres vivos
Beleza quaternária, só me restam dois compassos
Na chegada ao infinito é só cortar os laços
Espero que graves essa possibilidade
Ou que no mínimo captes essa sonoridade
Fica fixe à vontade, parece que há tempo que sobra
Dobra e desdobra, essa matéria toda
Enquanto houver prosa que me sustenha a boca
Numa respiração aberta para o mundo numa inspiração
Das árvores do pulmão, da pulsação no betão
Coração é oração, se toda a história cria acção
Criação só tem razão para se formar em gestão
E de um sim ou um não nasce um sim e um não

[Refrão]
Origem do crescimento de separação
Fecundação, embrião até chegar ao sermão
Sai de casa porque o cifrão formou visão de cifra

Pior mesmo é quem decifra
Pior mesmo é quem desliga
Pior mesmo é quem decifra
Pior mesmo é quem desliga
Pior mesmo é quem decifra
Pior mesmo é quem desliga
Mas superior é não ter vida

Não queiras outra vida
Não queiras outra vida
Não queiras outra vida
Porque essa é atrevida
Não queiras outra vida
Não queiras outra vida
Não queiras outra vida
Porque essa é atrevida