Louvado seja

[Verso 1: Caio]
Eu sou moleque mas eu tenho leque pro meu uso
De metáfora do qual eu uso e abuso
Na Rhima Rhara incluso o elemento difuso
Pois se um dia nasce prego, nunca vira parafuso

Fiquei distante da realidade atrás do fuso
E na verdade não me alcança pois na rima é confuso
De obtuso, agudo, mudo o que já é inverso
Não sou disperso até que escrevo o meu verso

Não desconverso, trago a resposta na ponta da lingua
Enquanto alguns na plantação cultivam míngua
Pra quem não sabe, preste atenção que eu vou dar uma dica
Errando se aprende o certo, na vida se aplica

[Verso 2: Venom]
Eu tenho sede de rima, se pego o micro-ativado-fone
Exponho a obra prima, com o tempo a vida ensina
O que é certo, o que é errado, os aliados espalhados
(?), RDB, conectado, interligado

Procurado vivo ou morto por não ser subordinado
Já foi provado a indagação da voz ativa
Inspiração que me motiva, a eliminar a influência negativa
E absorver somente a positiva

Com atenção exclusiva pra cada iniciativa, ativa
Com minha rima amplificativa
Pra descobrir tudo que está coberto
Pra decidir tudo que está incerto

Faço um decreto, e sigo em busca do que não está perto
Como quem busca um gole d'água perdido no meio do deserto
Executando em brasas, não retrocedo o destino, invado a sua casa

[Pré-verso: Munhoz]
Se conforme com o fato
Meu raciocínio simples pra você é abstrato
Colocando a prática na teorização
Levando o hip-hop ao grau de meditação
Munhoz...

[Verso 3: Zorack]
Indelicado, barrado do lado de fora da nova escola, fiz a prova mas não dei a letra
O conhecimento conquistado passado pra frente através do papel e da caneta
Palavras viajando pelo espaço na velocidade de um cometa

Procurando rumo nas ruas de sampa, andando sobre duas pernas
Enquanto MC's se sustentam sobre muletas
Com o cérebro avariado pelos raios católicos, e eu vendendo a alma pro capeta
A preços módicos, e aí é treta

[Verso 4: Caio]
Os navios não alcançam as estrelas mas através delas que se lançam ao mar
Os desafios são muitos mas sei por qual caminho devo andar
Tô cansado de escutar MC's que dizem atravessar paredes
Me oferecem um copo de água suja, não aceito, prefiro morrer de sede

Lembro com saudade quando caía e me ralava inteiro
Minha mãe vinha cheia de carinho passando no machucado merthiolate, mercúrio e depois colando band-aid
Lembro também de quando eu fala pra ela que ia pra casa das minhas amigas brincar de boneca
Mas na verdade ia mesmo é brincar de médico
Foda-se! Não me importa se dizem que o que eu rimo é ou não patético
Seria bico resolver meus problemas se eles fossem apenas estéticos

Goela sem mente pra mim é o bastante
A mista corrente da Rhara Rhima que em vez de levar pra cima
Te leva pra baixo de escada rolante
Levando ao ouvinte os mais insanos pensamentos através da latinha e um fio de barbante

[Pré-verso: Zorack]
Se conforme com o fato
Meu raciocínio simples pra você é abstrato
Colocando a prática na teorização
Levando o hip-hop ao grau de meditação

[Verso 5: Zorack]
Pra sua fascinação com poder telecinético
Fluindo natural contra o seu verso que é sintético
Simples, elevação, ininterrupta, passando no farol vermelho
Atropelamento verbal

A luz do dia em via pública, o povo é curioso
Formando alta aglomeração
A resposta pra sua dúvida surge do nada
No meio da multidão, Zorack, microfone na mão, ativado
Desiludido com o mundo, mas não acomodado
Se pra você isso é pouco, para mim também
Eu vou além, em nome do break, do graffite, do MC e do DJ, amém!