Legítima Defesa

[Intro: Timomy]
Yeah…
Ninguém além de nós
Para mudar o nosso destino
Fat Soldiers até a vitória

[Verso 1: Timomy]
Eu não tenho outra escolha
Não me imponha outro discurso
A selva urbana em que vivo
Tem reflexo nos meus versos
Meu quotidiano me obriga
A ser sobre-humano
Tu não vês porque não sentes
A profundeza dos danos
Como é que queres
Que eu fale de flores belas
Se o lixo e águas turvas
Trazem mortes nas favelas
E nesta cela, onde a pouco na panela
Nada presta, nada vale
Pois, saúde é só na tela
Como é que queres
Que eu vá dormindo tranquilo
Se o discurso do ministro
É incompatível com o que vivo
Se os hospitais fazem triagem para o inferno
E a água que bebemos
Não é para o consumo humano
Eu observo o desemprego coletivo
Eu sinto não emito, só reporto o que vivo
Não sou inimigo, mas rotulam-me nocivo
E ainda assim questionas
Esse meu discurso vivo

[Coro]
Oh My Nigga, o que é que esperas?
O que é que esperas?
O que é que esperas ouvir de mim?
Oh My Nigga, o que é que esperas?
O que é que esperas?
O que é que esperas ouvir de mim?
Se sou eu, quem sinto o que vivo no bairro
Eu me sacrifico para comer o que pago
Eu jurei na vida, não sofrer calado
Enquanto eles censuram as verdades que canto
Oh My Nigga, o que é que esperas?

[Verso 2: Soldier V]
Eu trago chumbo grosso mesmo sem fuzil
Coloco-te a pensar, não mexa o quadril
Foco na mensagem, é de extrema importância
Pois poucos á trarão com tanta relevância
E como poucos, trazemos esperança
O nome é Fat Soldiers, rebenta balança
Cenário triste, povo no kafrique
A situação é pior do que vimos na SIC
Acredite, não há o que justifique
Todo esse fosso entre pobres e ricos
Muitos com tão pouco a viver em Cubículos
Tão poucos com muito, chega a ser ridículo
Então diz-me o que é que esperas?
Ouça outro boneco, se queres ouvir besteiras
Promiscuidade aqui não prolifera
Trazemos outro perfume para essa nova ERA

[Coro]
Oh My Nigga, o que é que esperas?
O que é que esperas?
O que é que esperas ouvir de mim?
Oh My Nigga, o que é que esperas?
O que é que esperas?
O que é que esperas ouvir de mim?
Se sou eu, quem sinto, o que vivo no bairro
Eu me sacrifico para comer o que pago
Eu jurei na vida, não sofrer calado
Enquanto eles censuram as verdades que canto
Oh My Nigga, o que é que esperas?

[Verso 3: M.P]
Eles perguntam-me o porquê?
Mesmo sabendo os motivos
Que me levam a cuspir
Todas as cenas que vivo
Neste sitio inclinado
Nas sombras do negativo
Onde calar é um suicídio
Para quem um dia já nasceu escravo
Eles criticam os meus versos
Dizem ser depressivos
Mas não sabem o quanto pesa
Uma vida de improviso
Ter a vida no traço pra continuar no ativo
Viver num bairro de merda
Sem nada definitivo
Caminhar como um servo
Por não ter nenhum centavo
Enfrentar as artimanhas
De quem não te quer vivo
Lutar contra o sistema viciado e seletivo
E ainda assim não desistir
Fazer tudo de novo
Então não esperem obediência
De quem carrega esse fardo
De quem vê os seus direitos
Diariamente negados
Esquecidos, como projetos sérios engavetados
Queres que eu fique parado
Em pleno fogo cruzado?
Nahhhhh