História do Invisível

[Verso 1]
Mudar a história não é com factos invisíveis
Ela sempre presa em casa junto de amores impossíveis
Memórias tão distantes, sua lembrança é punível
Ele sobe na carreira e diz que ela baixa de nível
O anel já pouco vale, tudo temível e incerto
Curioso que a aliança seja o que ela vê mais perto
Vizinhos até sabem mas não metem a colher
Entre marido e mulher já não cabe ser sincero
Antiquado diz-se um homеm às direitas
Conservador a mais pra se assumir à dirеita
Ele sabe que não ajeita aquilo em que pouco pensa
Enquanto a deixa na cozinha só tem de encher a dispensa
São muitas juras que ela já nem reza a Deus
Já tentou pedir ajuda e está à espera desse adeus
É que ela tem um nome, que não tarda a ser um número
Direto pras estatísticas sem mística ou vislumbre like

[Refrão]
Esta é a história do invisível like
A história do invisível like
Esta é a história do invisível like
A história do invisível like

[Verso 2]
A rua até te abraça e fala ao Paulo disso tudo
Faz da sua casa palco e no palco disse tudo
Tem apenas um sinal em que acude por futuro
Palavras nunca lhe faltam mas só escreve o que diz mudo
Sonhava ser artista num país sem calendário
Que supôs que o seu cariz era o 7 no dicionário
Formado e sem salário onde o verde ainda é nocivo
Fez falhar todas as rendas por não ter nenhum recibo
Por cumprir o dever cívico viu a vida a dizer "finito"
Num banco de jardim todo living soa a limite
Lá poucos o conhecem mas já sabem que o evitam
E que não se vão esquecer do "não" que sempre lhe ditam
Coitado ele é mais uma vitima do que safoda
Só tem a sua arte e ela ninguém incomoda
O nome já foi mais próprio como o chão que agora pisa
Sentado na casa antiga à espera de nova vida

[Refrão]
Esta é a história do invisível like
A história do invisível like
Esta é a história do invisível like
A história do invisível like