Guilhotina

[Letra de "Guilhotina" de Isis Hembe]

[Refrão I]
O pais tá aputarado (N vezes)

O diploma diz toma a fatura
Me destrona deforma de forma segura
Era suposto eu já ter sido alguém
Agora sou pasto, sou posto a andar aquém
Do plano vasto do meu valor, para alguém velar
Pelo calor e apelar pelo clamor da hipotermia
A sociedade anda fria, e eu só temia
Que o calor humano não bastasse quando
Só tremia
A sociedade anda escura, vazia
Nem mesmo quando meu corpo grita a Maria Pia
Só vejo o silêncio num fato bonito
Aplaudindo a música que de um estomago faminto
Música que para a dança de um coração
A música equipara-se a chuva ou furação
Não sei quem plantou o que estamos a colher
Mas a chuva do Cunene está nos olhos da mulher
Que vem dar a luz num país trevas
A vida lhe seduz, os fatos dizem 'não te atrevas'
Dá-me essa carteira, dá-me o telemóvel
Safoda se és só zungueira, não brinques com esse revolver
Não brinques com quem ve na via
A chance de não ver navios
Sobreviver é magia
E o segredo não se ve nas news
O segredo é a caneta assassina
Que onde assina há chacina
E povo que não acha a sina
Ao contrário acha o borno
Nos becos há suborno
As vezes nem o pão que o diabo amassa
Essa malta come
O perfume preferido desses putos, a gasolina
Encarar a vida sério' preferem a guilhotina
Aqui se não fores vivo a vida é que te killa
As kínguilas e os bancos ainda jogam kixikila
Enquanto o desempregado está a beira de mendigar
Aqui o cão é polícia e a merda é militar

[Refrão final]
O país tá aputarado (N vezes)