Dilema Moral

[Verso I]
Menina bela 5 anos já crescida
Amada pelos amigos e pelo resto da família
Dava os primeiros passos e demonstrava ser prodígia*
Numa família abastada de amor financeiramente não rica

Almejava ser a melhor médica no mundo quando crescesse
Dedicava-se aos seus estudos pois não havia outro interesse
A sua vontade de ajudar o próximo era mais que evidente
Os outros sentiam-na aflita quando que por alguém se compadecesse

17 Anos, bolsa de estudo para Londres
E lá foi crescendo ela, mais perto do seu sonho
Auto-valorizava-se diferente de muitos outros
Que por vazias necessidades alugavam a merda corpo

De mente aberta não levada pela alienação
Menina pobre não desviada pelo cifrão
Uma garota negra em Londres imagina irmão
Que em 6 anos concluiu sua formação

[Verso II]
De volta para casa Angola de mãos ao trabalho
De formação concluída achou que fosse tudo fácil
Só que encontrou a barreira ditatorial deste estado
Disfarçado de democrático ostentadamente burocrático

E seus projectos foram todos por água abaixo
Sem apoio dos superiores era como num mundo desabado
Desnorteada, apavorada atirada ao lado
Olhando pelo semblante matinal revestido de mutilados

E ela sabia que podia mudar tudo
Provavelmente por dia seriam apenas 30 minutos
De sexo indecente com hipertensos caducos
Casados, pais de família e idiotas sem escrúpulos

Existiam formalidades para quem quisesse ter o troco
E ela faria de tudo para estar ao alcance de seu sonho
Só que as palavras de sua avó em seus ouvidos foram o suporte
Nunca te renderás nem ao mais atractivo dos ouros

E ela num dilema moral consigo mesma
A força do amor ao próximo ou a força da obediência
O poder de ajudar por via da luta sendo ela mesma
Ou o poder de ajudar com a força do sexo que tem entre as pernas

Chegava o momento dentre duas situações
Onde as vezes a derrota é a melhor das opções
A mesma garota que resistiu o assédio em Londres
Foi derrotada por Angola e relegada sob uma ponte