Britania Veloso

[Verso 1]

Arrematados por vassoura-de-bruxa
Frases poucas e dúbias
Não tentativas, só suplicas

Coisas que ouvi nas ruas
Escaneamento em massa
Seguem bem sujas as lupas

Ontem reparei nas rugas
No reflexo daquela água turva
Dentro da panela imunda

A impaciência da muda
Que quando nota que muta
Como criança se assusta

Por fora a casca é tão dura
Bate mais forte e eu finjo que não machuca

Meu mestre nunca foi Buda
Bate mais forte, eu finjo que não machuca

Por fora a casca é tão dura
Bate mais forte e eu finjo que não machuca
Eu quero essa dor aguda

[Verso 2]

Caixeiro viajante em metamorfose
Mandando bem pra longe esse corticoide
Alongando ao sol pela manhã no bosque
De lá não vejo o efeito da indústria em jovens

Não importa o quanto os teus hats dançam
Conheço toda a obra pela tracklist
Das fórmulas só tiro análises intensas
E de vez em quando raiva e bad trip

Não quero ser celeb nem produto, é óbvio
Gerar reações falsas em rosto empedrado
E assim como não há burguesia amigável
Não há obra de arte que germine fácil

Não há tempo pra mímicas, tudo é escasso
Não há tempo pra mímicas, tudo é escasso