Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Entro
Naquilo que fora se chama por dentro
Buscando o caminho que há de ir dar ao centro
Deixando as saudades e o medo lá fora
E agora?
Que vejo? Que faço?
Que passo eu não vou dar em falso
Até ao que se chama chegada
Porque é tudo e quase nada
Sinto
Que a cabeça é quase como um labirinto
Em que cada rua tem um nome indistinto
Em que cada escolha é feita sobre a hora
E agora?
Que sigo? Que temo?
Que rumo
Eu tateio e presumo
Até ao que se chama chegada
Porque é tudo e quase nada
E no centro do centro
Está o centro da vida
Como se fosse por isso
Que eu me morro e me perco
E que só dou por isso
Quando renasço outra vez
E à vez
Sei que hei de ser morto
E à vez
Sei que hei de ser vivo
E à vez
Sei que hei de ser morto
E à vez
Sei que hei de ser eu de vez
E furo
Sem saber por onde encontro o que procuro
E a luz que era a luz é agora um rio escuro
E dou-me à torrente e o corpo desarvora
E agora?
Que agarro? Que agito?
Que grito
Eu não vou dar aflito
Até ao que se chama chegada
Porque é tudo e quase nada
E perto
Do centro de mim há um portão entreaberto
E tenho p'la frente o monstro a descoberto
A fera que eu guardo e guarda o que em mim mora
E agora?
Que encaro? Que enfrento?
Que alento me empurra p'ro centro
Até ao que se chama chegada
Porque é tudo e quase nada
E no centro do centro
Está o centro da vida
Como se fosse por isso
Que eu me morro e me perco
E que só dou por isso
Quando renasço outra vez
E à vez
Sei que hei de ser morto
E à vez
Sei que hei de ser vivo
E à vez
Sei que hei de ser morto
E à vez
Sei que hei de ser eu de vez
E travo
A luta que travaria quem foi escravo
E só pelo amor à liberdade é um bravo
E lança o pavor à fera que o apavora
E agora?
Que ataco? Que ouso?
Que pouso
Eu persigo teimoso
Até ao que se chama chegada
Porque é tudo e quase nada
E chego
Enfim para lá da paz e do sossego
Onde só tem nome a perda e o desapego
Que não há mais a perder e a atirar fora
E agora?
Que aprendo? Que encontro?
Em que ponto
Eu me vejo por dentro
E que é o que se chama chegada
Por que é tudo e quase nada
E no centro do centro
Está o centro da vida
Como se fosse por isso
Quando renasço outra vez
E à vez
Sei que hei-de ser morto
E à vez
Sei que hei-de ser vivo
E à vez
Sei que hei-de ser morto
E à vez
Sei que hei-de ser eu de vez