Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Sérgio Godinho
Já viajámos de ilhas em ilhas
Já mordemos fruta ao relento
Repartindo esperanças e mágoas
Por tudo o que é vento
Já ansiámos corpos ausentes
Como um rio anseia p'la foz
Já fizemos tanto e tão pouco
Que há-de ser de nós?
Que há-de ser do mais longo beijo
Que nos fez trocar de morada
Dissipar-se-á como tudo em nada?
Que há-de ser, só nós o sabemos
Pondo o fogo e a chuva na voz
Repartindo ao vento pedaços
Que hão-de ser de nós?
Já avivámos brasas molhadas
No caudal da lágrima vã
E flutuando, a lua nos trouxe
À luz da manhã
Reencontrámos lágrimas e riso
Demos tempo ao tempo veloz
Já fizemos tanto e tão pouco
Que há-de ser de nós?
Que há-de ser da mais longa carta
Que se abriu, peito alvoroçado
Devolver-se-á, 'Endereço errado?'
Que há-de ser, só nós o sabemos
Pondo o fogo e a chuva na voz
Repartindo ao vento pedaços
Que hão-de ser de nós?
Já enchemos praças e ruas
Já invocámos dias mais justos
E as estátuas foram de carne
E de vidro os bustos
Já cantámos tantos presságios
Pondo o fogo e a chuva na voz
Já fizemos tanto e tão pouco
Que há-de ser de nós?
Que há-de ser da longa batalha
Que nos fez partir à aventura?
Que será, que foi
Quanto é, quanto dura?
Que há-de ser, só nós o sabemos
Pondo o fogo e a chuva na voz
Repartindo ao vento pedaços
Que hão-de ser de nós?