Ergueu-se do lado turvo
Da grande sombra da noite
Arremeteu pelos ares
Chupada pelos espaços
Escancarou-se nos céus
Em tempestades de fogo
De luz e cor
Da cor do sangue
Findou-se o ser no fim do mundo
Ergueu-se do lado turvo
Da grande sombra da noite
Desceu na ira dos ventos
Na paz do frio e das trevas
Tão grávida de venenos
Cuspiu poeiras e fumos
Estatelou-se no chão
Cheia de fome e de sede
De luz e cor
Da cor do sangue
Findou-se o ser no fim do mundo
Desceu na ira dos ventos
Na paz do frio e das trevas
O que foi, o que foi
Não chores assim
Não faz mal, não faz mal
Não chores por mim
Não é nada meu alento
Só estou a descarnar por dentro
O que foi, o que foi
Não chores assim
Não faz mal, não faz mal
Não chores por mim
Não é nada meu alento
Só estou a descarnar por dentro
No horizonte gelado
Do inverno dos neutrões
Arrastam-se tão sozinhas
As vidas apodrecidas
Lambendo as feridas abertas
Ardejantes e famintas
De luz e cor
Da cor do sangue
Findou-se o ser no fim do mundo
No horizonte gelado
Do inverno dos neutrões
O que foi, o que foi
Não chores assim
Não faz mal, não faz mal
Não chores por mim
Não é nada meu alento
Só estou a descarnar por dentro
O que foi, o que foi
Não chores assim
Não faz mal, não faz mal
Não chores por mim
Não é nada meu alento
Só estou a descarnar por dentro