Vitor Brauer
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- Espera. Você falou muita coisa. Os seres humanos antigamente faziam esse tipo de coisa, uma coisa que tocava uma vez na sua cabeça e depois desaparecia?
- Exato. A arte foi se tornando mais efêmera e instantânea com o passar dos tempos. Até que, em algum ponto, algum artista pode ter feito uma obra que só podia ser ouvida uma vez. Ou então uma pessoa colocou uma obra que já existia, num dispositivo para ser ouvida só uma vez. O que provavelmente deve ter acontecido com você
- Mas qual o sentido disso? O sentido de se fazer arte?
- Para se viver pra sempre
- Mas nós já vivemos
- Justamente por isso que as pessoas não fazem mais arte, não fazem mais sexo, não constituem famílias. O prazer de todas essas coisas talvez só seja possível com o temor da morte
- Então deixa eu ver se eu entendi. Esse cara dum passado distante, deixou essa caixa pra alguém um dia ouvir e dar continuidade a vida dele?
- Não, não é exatamente isso. As pessoas não sobreviviam como a gente. As pessoas continuavam vivendo como memória. Ou como vestígios de suas vidas passadas. Memória é outra palavra importante pras civilizações antigas. Rituais e simbolismos eram fortemente relacionados à ideia de memória. Quando, por exemplo, algum ente querido morria cada indivíduo em cada sociedade agia de uma forma diferente, tanto para honrar seus mortos quanto para fortalecer a união familiar e ancestral, uma herança cultural, diriam. Não existe mais esse tipo de coisa hoje. O indíviduo não conseguia viver sozinho como a gente vive, então a única forma era se ligando uns com os outros. A arte pode ser considerada como a mais forte ligação entre os seres humanos, no sentido de que partia do âmbito pessoal para o universal. Existiam pessoas que eram ouvidas, observadas e seguidas por gerações e gerações de outras pessoas que não tinham nenhuma ligação familiar ou sanguínea com elas
- Mas qual o sentido se eles morriam?
- Essa é a pergunta que só você pode descobrir eu suspeito. O que você está sentindo, essa fraqueza, pode desencadear outros acontecimentos que levariam a uma possível morte, suspeito
- Como assim?
- Sim, a ligação de forma instantânea com tal ancestralidade pode ter te dado a mortalidade, junto com a dúvida, a incerteza e até um sentimento raro de mudança. A morte é, porque não, apenas uma mudança
Perguntas e respostas (parte 1) was written by Michael Nyman & Vitor Brauer.
Perguntas e respostas (parte 1) was produced by Vitor Brauer.
Vitor Brauer released Perguntas e respostas (parte 1) on Tue Mar 03 2015.