Vitor Brauer
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Quanto tempo se passou desde que estou sentado aqui dentro? Muito tempo. Tempo demais. Ao mesmo tempo, talvez não. Pode ser que eu acabei de conversar com o historiador e acabei de chegar aqui. Os sentimentos, amor, sonho, abandono, mudança. São muito mais profundos que arte. Mas será que são mesmo? Ao fim da minha experiência com a caixa eu lembro que estava me sentindo como se algo estivesse sendo tirado de mim. A ânsia pelo fim daqueles sons, daquela música, criaram uma elevação no meu ser. Talvez era exatamente isso que as pessoas sentiam com a chegada do seu fim. O fim é a mudança. E agora eu vou mudar e continuar mudando eternamente. Morrer, talvez. Não sei ainda. Primeiro preciso entender o que eu quero fazer agora. Quanto de combustível eu tenho? O suficiente pra voltar no ponto de partida? É. Mas nem eu sei mais onde é o ponto de partida. Talvez voltar no planeta do vendedor de combustível, passando por Karam para contar as novidades para as pessoas que conheço. Talvez seja isso. Talvez seja isso. Essa experiência me trouxe de volta às pessoas e não necesseriamente perto da arte, perto do passado, dos meus ancestrais ou algo do tipo. Mas perto de mim mesmo. Talvez a arte seja feita pra isso. Ah, mas quem se importa? Ninguém desse universo sabe o que é isso que aconteceu comigo. Mas ao mesmo tempo talvez alguém saiba. Mas da mesma forma, isso me traz uma sensação física de satisfação. Eu me sinto bem. Eu me sinto bem. Eu me sinto bem. O universo é um céu e é um mar. E dentro de mim existe esse universo que pode criar, que pode voar, que pode nadar e que pode continuar existindo eternamente. O tempo não é senão uma ilusão. Quanto tempo eu estou aqui? Quem se importa? Como se alguém se interessasse além de mim. Não, a caixa criou interesse nas pessoas com quem eu conversei. "Volte aqui pra me contar o que aconteceu depois", eles disseram. E a mulher, será que ela ainda está por aí? E o que ela acharia de mim? Talvez ela sentiu tudo isso que eu senti. Talvez ela esteja sentindo agora nesse exato momento o que eu estou sentindo agora também. Mesmo que seja no passado. Tudo acontece ao mesmo tempo simultaneamente para o universo. Não existe passado, presente ou futuro. Então eu e ela somos o mesmo, e estamos juntos nesse exato momento. O que ela gostaria que eu fizesse? Eu não sei. Mas eu posso fazer tudo. Menos voltar atrás. Eu não consigo mais ser o mesmo. Eu mudei. Felicidade. Mudança. Será que existem mais obras desse valor espalhadas por aí? Eu poderia procurar. Mas como se procura esse tipo de coisa? Eu não sei. Mas eu posso descobrir. Talvez procurar alguém pra desenvolver uma espécie de dispositivo para buscar e coletar tais caixas. Talvez elas sejam feitas de várias formas das mais diversas maneiras e com sons inacreditáveis dentro de cada uma. Eu não sei, eu não sei. Mas eu me sinto bem. Eu me sinto bem. Procurando pedras, que seja. Só um tipo diferente de pedras. Posso fazer tudo sozinho também, mas pra que? Se eu posso compartilhar isso com essas pessoas? É isso. Que graça que tem existir sem amor, sem abandono, sem sonhos e sem as pessoas. Agora eu posso fechar os olhos e viajar por mundos do passado, do presente e do futuro. Eu posso entrar no sono e sair por outra porta da existência. É isso que é existir. Abrir a porta. Abrir a porta. A minha nave, o meu perdiz, ou serei eu perdiz? Felicidade. Felicidade. Mudança. Felicidade. Sim. É preciso dizer sim a mudança e a felicidade. Já consigo ouvir os animais por toda a galáxia. Já consigo ouvir as pessoas por todo o universo. Já consigo ver as novas águas mudando para ar e mudando para águas de novo. Já consigo ver novas pessoas e novas coisas de todos os tipos nascendo. Algo novo, ele disse. Já consigo ver pra onde vamos. Vamos voltar ao início. Vamos voltar a morrer. Vamos voltar a nascer. Vamos voltar a ser o que sempre fomos. E mudar de novo, e mudar de novo. A mudança é a felicidade. Já consigo ouvir tudo ao meu redor se transformando. Já consigo ouvir os pássaros. Sim. Eu ouço o perdiz. Eu ouço o perdiz. Obrigado. Obrigado por tudo. Iniciar decolagem
O perdiz was written by Michael Nyman & Vitor Brauer.
O perdiz was produced by Vitor Brauer.
Vitor Brauer released O perdiz on Tue Mar 03 2015.