Noite Branca

[Refrão]
A noite é escura mas aqui chamam-lhe branca
Canta, espanca, e todo o mal espanta
Senão te encanta não cantes a canção
Cantores ficam queimados com o bafo do dragão
Invicta milícia, bairros e arredores
Vida ilícita, sacos e corredores
Atletas natos correm pelo ouro
Tipo garimpeiros nas margens do rio Douro

[Verso 1: Kron Silva]
A rua dá-te nome, a rua da respeito
A rua faz-te crescer os cabelos do peito
A rua é como um jogo e ganhas reputação
Mas muitos jogadores apenas ganham uma lição
Putos fazem guita de Porsche e M3
Outros fazem folha e uns anos no xadrez
Mais escola que doutor mais lábia que o 'stor
Mais criminologia que qualquer inspetor
O negócio 'tá no sangue e o sangue no negócio
Sócios batem mal e abatem outro sócio
O menino 'tava em altas, agora ta de baixa
E vai ficar em baixo dentro de uma caixa
A rua é como um livro à espera de ser lido
Escrito e revisto por poetas do improviso
Sem juízo ficas liso com sorte sais vivo
Todo e qualquer lucro aqui é feito sem recibo

[Refrão]
A noite é escura mas aqui chamam-lhe branca
Canta, espanca, e todo o mal espanta
Senão te encanta não cantes a canção
Cantores ficam queimados com o bafo do dragão
Invicta milícia, bairros e arredores
Vida ilícita, sacos e corredores
Atletas natos correm pelo ouro
Tipo garimpeiros nas margens do rio Douro

[Verso 2: Rey]
Eu quero é paz na rua mas penso como um ultra
Se a violência vem, até acho bem
Porque essa língua suja aqui dá sepultura
E esse intrujo é quem?
Na rua não há rei
Porque antes que chore a minha
Melhor que chore a tua família
É assim a rua
Eterna amante noturna
Quer é pedra baby, fuma
Faz que a tua tampa nunca durma
A rua é uma loucura
Soldado da fortuna é fruta para o narco
Menino é empresário, do mínimo arranco o máximo
Nessas ruas escuras dão nas duras às claras
Putos multiplicam euros com o sangue de ressacas
Tudo maus rapazes, é essa a minha escória
Uma vida sem paz mas a rua não chora
A morte condecora, heróis estão na cova
Há um Rambo no teu bando?
Mano conta-me outra história

[Verso 3: Kron Silva]
Putos duros como aço
Cheios de lata
Aqui ninguém os cobre
É o ferro que os mata
Estanho aqui é prata, carne aqui é fraca
Se há falta de chumbo então trata com faca
Nada é garantido, é preciso andar à coca
Se a bófia aparecer ela esconde-a na toca
Ali ninguém toca
Vai tudo p'ra esquadra
Ensaiar a cantiga até de madrugada

[Refrão]
A noite é escura mas aqui chamam-lhe branca
Canta, espanca, e todo o mal espanta
Senão te encanta não cantes a canção
Cantores ficam queimados com o bafo do dragão
Invicta milícia, bairros e arredores
Vida ilícita, sacos e corredores
Atletas natos correm pelo ouro
Tipo garimpeiros nas margens do rio Douro