Fogo

[Verso 1]
'Tou farto do mesmo parto que dá à luz o mesmo filho
Que conduz o mesmo carro que passa no mesmo trilho
Por muito que digam vai não vou por esse caminho
Eu sou o meu próprio pai e o imune é o meu padrinho
Em estúdios imprimo a moeda dos subúrbios
A banda sonora de ocorrências e distúrbios
Cabeça de cartaz, personagem principal
Sou mestre timoneiro pioneiro original
Sabedoria suprema sigo como alquimia
Ando à procura da gema no meio da porcaria
Formatados os meus pares abusaram da receita
Violaram o conceito e deixaram-na desfeita
Estéreotipos surgem da esquerda e da direita
Sou cinco ponto um a envolvência é perfeita
Complexo p'ra quem estava à espera do costume
Sou combustível para quem quiser trazer o lume

[Refrão]
Fogo
A casa está arder
No meio das chamas o que é que vais fazer
Fogo
A temperatura sobe
Combustão espontânea é a prova dos nove

[Verso 2]
A minha cara é pálida, o meu cântico é negro
Tenho em mim todas as cores, e esse é meu segredo
Nestas veias corre sangue dos meus antepassados
Mas o meu futuro só depende dos meus atos
Predestinado a uma vida de empregado
Mas aqui me encontro, patrão sem ordenado
Cercado pelas chamas, as contas e os dramas
Chegar ao fim do mês todas as semanas
Seria bem mais fácil deixar o sonho arder
Ceder à pressão a acabar por desistir
Ver o corpo sucumbir no fogo da rotina
Assassina que domina a vontade de viver
Tenho o peso do mundo, carrego-o aos meus ombros
Se a casa ruir farei parte dos escombros
Suporto esta estrutura com vigas de aço
Porque eu sou arquiteto de tudo o que eu faço

[Refrão]
Fogo
A casa está arder
No meio das chamas o que é que vais fazer
Fogo
A temperatura sobe
Combustão espontânea é a prova dos nove