[Verso 1: Vulgo Feijão]
Não queria um encontro nessa circunstância
Preferia um churrasco, futebol com criança
Mais eu que vacilei, desculpa ai essa errata
Do meu jogo sujo,coração de barata
Um bicho que mata com ódio e covardia
Minha cabeça maquinava vazia
Mais tem alguma coisa aqui dentro que me corrói
Assassinei seu super-herói
Desculpa ai pelo rancor
Mais um coração posto a prova da dor, que horror!!
Entendo que não tem volta, é um buraco sem remendo
Agora não adianta mais de tudo me arrependo
Tudo que eu tinha você me tirou
Meu filho meu sorriso, todo amor
Te chamei aqui pra dizer o quanto eu sinto
É embaçado não adianta mais tô arrependido
Três anos atrás do muro
Guardado no fundo de uma cela abarrofada
Cheia de fungo, banheiro imundo com cheiro das trevas
Calor absurdo, tuberculose prolifera
Nessa luz escura, num clima de tortura quis ser mais esperto
Quase fui pra sepultura
A monstruosidade que eu sempre apliquei
Tá dentro da cela comigo, é um armazém
Eu que fiz refém, aqui sou aprendiz
Reflito como foi desonesto o que eu fiz
Não é que isso aqui reabilitou um infeliz
Mais é porque agora encontrei meu juiz
Eu de cabeça baixa, sem força, indefeso
Cansado das mágoas, da dor, do desprezo
Nada mais me importava
Os crimes, os presos
Como se cada lágrima tirasse um peso...
[Refrão: Dona Kelly]
O passado e a saudade, como posso apagar
Impossível esquecer, não é fácil perdoar
O passado e a saudade, como posso apagar
Impossível esquecer, não é fácil perdoar
[Verso 2: Vulgo Feijão]
Pela sua voz eu entendo o sofrimento
Deve ser difícil perdoar, eu lamento!!
Jesus me perdoou, pela perda, pela dor
Espero que a senhora também um dia me perdoe
Não sei se a senhora acredita em transformação
Eu não acreditava e Deus mudou o ladrão
Explicar com palavras é embaçado
E não tem palavras o suficiente pra explicar a conversão
Eu sei que pedi mil desculpas não adianta
Mesmo as mil desculpas sendo verdadeira e franca
Minha humilhação não devolve a esperança
O orgulho que te arranquei e que agora sangra
E molha o seu rosto com melancolia
E escorre como choro de amor e agonia
Quanto vale essa tormenta trágica?...
Me fale por favor o preço de uma lágrima
[Ponte 1: Dona Kelly]
Lágrimas não tem preço meu rapaz
Só eu sei a falta que ele faz
E agora está tudo acabado
Jamais a vida volta pra trás
Meu conselho era simples:
Não roube, trabalhe, conquiste!
Eu vim até aqui pra saber o porquê, você cometeu esse crime
[Verso 3: Vulgo Feijão]
Talvez pelo país, onde todo mundo deve
Onde todo mundo rouba, sei lá, tem mão leve
Desde o primeiro cidadão de portugal
Se é desde o começo, imagine o final
O motivo era banal, um pouco mais que um real
Nem sei por que matei talvez respeito e tal...
[Refrão: Dona Kelly]
O passado e a saudade, como posso apagar
Impossível esquecer, não é fácil perdoar
O passado e a saudade, como posso apagar
Impossível esquecer, não é fácil perdoar
[Verso 4: Vulgo Feijão]
Não era a cara dele, na verdade de ninguém
Era pra ele tá na aula e eu também
Ele não tinha malícia, só ibope com as "patrícias"
Mais tava me atrasando e pior, virou notícia
Senhora perdoe a minha aberração
Por ter matado seu filho, te peço perdão!
Ainda sonho com seu rosto, não esqueço seus gritos
Quando atirei no peito do menino...
[Ponte 2: Dona Kelly]
Ahh...Eu não pude acreditar, eu corri, corri eu corri
Mais não consegui lhe salvar
Ahh...Meu filho deitado sem forças n
No meu colo mexendo a boca, tentando falar...
[Verso 5: Cléber]
Mãe, sua voz tá ficando distante
Não solta da minha mão, não, em nenhum instante
Tô ficando com medo, e essa poça de sangue
Tá tudo escurecendo e dá pra ver de relance
O pessoal da sala, o que tão fazendo?...
Nem bateu o sinal, eu não entendo
Mãe o sangue é meu e tá por todos os lados
Olha pro pneu da ambulância, tá lotado!!
Mãe eu tô com frio e tá ficando tudo escuro
Quando isso acabar vou mudar, eu juro!!
Porque fizeram isso comigo, o que aconteceu?
E essa lágrima no seu rosto mãe?...
É um adeus?!!
Fala pro meu pai que não foi falta de sorte
Só não segui seu conselho, talvez ele não suporte
E pro meu irmão aprender com a minha morte
Mãe eu te amo, me aperta bem forte!!
[Refrão: Dona Kelly]
O passado e a saudade, como posso apagar
Impossível esquecer, não é fácil perdoar
O passado e a saudade, como posso apagar
Impossível esquecer, não é fácil perdoar
[Saída]
Você arrebentou com a minha vida
Meu filho não volta mais
Mas com tudo eu não vejo outra alternativa… Eu te perdoo!!
Mil Desculpas was written by Vulgo Feijão & Dona Kelly.
Mil Desculpas was produced by DJ Fjay.
Ao Cubo released Mil Desculpas on Mon Jan 01 2007.