[Letra de "Mau Rapaz"]
[Verso 1]
Fiz-te acreditar que o que eu sou no presente
Não contempla o que eu fui no passado
Cheguei para jantar como sempre
'Tão todos à mesa e eu um pouco atrasado
Fico à cabeceira o lugar reservado
Cansado com o rosto trancado
A ver-te a evitar o olfato que eu sei
Que sentiste um perfume trocado
Só para proteger o meu lado
Eu ver os meus filhos e ter o meu lar
O que há a sacrificar levou mais de vinte anos
Até termos tudo criado
Entre a casa e os carros e as crias
Que eu queria contigo para ter um legado
Amei duas filhas e fiz mais um homem
Para o número ser equilibrado
Se há afeto envolvido, qualquer ser humano
Que me ame com pouco se engana
Mascáro o meu tempo perdido de família unida no fim de semana
A ferida que te fiz não sangra
As miúdas não sabem e o puto lá anda
Cabeça na lua, não sente, só sorri, sinto no sorriso que me ama
Só somos casal pela cama o singular engana, a minha cama é plural
Sei lá qual é a dor de me seguir
Para poder provar o adultério e encontrá-lo
Se há um agravar de contas posso pagá-lo
Biscate de alicate de pontas: posso escarná-lo
Dá-lhe o tempero e serve o prato, e posso jantá-lo
Eu não consigo matá-lo: o meu desejo carnal
Muito do que sabe bem vem por mal
Já não estou a aguentá-lo, segura o nosso teto
Hoje só queria um Natal para poder partilhá-lo convosco
E brincar com os meus netos
A cada ano mais espertos e mais distantes
E é impressionante que tu os queiras mais perto
Nunca te disse que és incrível e sinto-o tanto
O tempo pôs tudo no sitio certo
[Refrão]
Eu sei que partilho contigo muito
Do que eu sou hoje enquanto indivíduo
Que até sou parecido e que trago comigo o legado do teu apelido
O que é diferente de ti, é que o que é mau, guardo para mim
Eu sei que partilho contigo muito
Do que eu sou hoje enquanto indivíduo
Que até sou parecido e que trago comigo o legado do teu apelido
O que é diferente em ti, é que o que é mau, passaste a mim
[Verso 2]
Mãe, subir ao altar não mora no meu norte
Desde que eu vi a subida levar-te a sul
Gravei o momento em que o romper do vínculo
Roubou todo o brilho ao teu olho azul
Vi-te fria com medo a guardar o segredo
Dar uma nova chance e a afundar o teu ego
A desmoronar o castelo e começá-lo do zero
A assumir a tua vida e a voltar ao cume
E se alguma vez der sinais que a gratidão
Que eu sinto por ti ainda é pouca
Que seja perdão a palavra que a seguir vá sair pela minha boca
O que eu devo a ti ninguém nota, nem eu senti até vir a troca
Do teu ninho pela minha casota
E na minha sorte tu és a maior quota
E se ainda hoje eu não sei bem qual é o meu sentimento
Sei que é certo que contigo eu nunca senti medo
Não é que o afastar dos dois tenha sido indiferente
A mommy é pai também, foi o que senti sempre
[Refrão]
Eu sei que partilho contigo muito
Do que eu sou hoje enquanto indivíduo
Que até sou parecido e que trago comigo o legado do teu apelido
O que é diferente de ti, é que o que é mau, guardo para mim
Eu sei que partilho contigo muito
Do que eu sou hoje enquanto indivíduo
Que até sou parecido e que trago comigo o legado do teu apelido
O que é diferente em ti, é que o que é mau, passaste a mim