[Letra de "Amador"]
[Verso 1]
Eu era o puto a ver a montra cá fora a contar a gorja
Hoje além do produto, ‘tou a pensar comprar a loja
O truque é plantar ‘pra colher o fruto e esperar um coche
Por isso eu planto aqui que um dia ‘tou a rimar num Scott Storch
Já ‘tá preto no branco, o talento é claro como a Doja
Eu não bato na rocha bato com a bigorna na forja
A moldar-me que o bando a seguir a norma é o que me enoja
O meu foco é ter mais cores e formas que a Nicki Minaj
Mesmo verde num estilo eu vou pôr os pros em tons de rosa
Eu venho a matar esta sede de ideias novas com a prosa
A vê-los cair no erro de ter a conversa saudosa
E ainda mancham mais uma carreira que ‘tava leprosa
Há quem ande a cheirar a perfumes caros com uma amostra
A enganar a mosca, porém quanto a isso o que eu acho
É que não vale a pena andares endividado com esse Porsche
A gravata à mostra mas nú da cintura para baixo
Não compito com pares, que eu sou o gajo que tu nunca amarás mas verás que eu venho em paz
A ninguém me rebaixo como aposto que gostarás
Julgas-te o rei mas dás graça a quem segura no ás
Quero encher um oásis, dar o litro quando eu ajo
Trago energia a mais, mais que o Pokémon do Ash
Não interessa o que acho, no final um puro aqui jaz
Eu faço a minha parte a saber que isso tanto faz
Gravei uns temas que um OG nunca levará a sério
Ainda assim não me tirarão daqui, não me comparo à Maddie
A critica veio e não demovi, 'tou a superar a média
E após isso aprendi que um mono não me pode tirar do stereo
Não quero um trono, quero ser razão para uma efeméride
Pôr à tona o que eu vivi para ser logrado com esse mérito
De outro hemisfério, eles têm-me achado um cheio de si
Prefiro a fama do que ficar eu cheio de mim
[Verso 2]
Já recorri à prece, por isso é que eu vivo tão blessed
Nem Marie Curie conhece tal química com o universo
Ya, 'tou a conduzir com stress ‘pra chegar ao que me interessa
A correr de lés a lés em silêncio como o teu Tesla
Tenho andado com pés de lã nesta ascensão soberba
Do porão ao convés, de lá não trazia a soberba
Sem cultivar a inveja ao invés o que eu souber
Partilho com quem queira saber e vir também, se houver
Já não devolvo o couvert, fica e como o que couber
E ainda pago pelo coperto, caso a casa o opere
Espero que o acaso coopere, sou um kamikaze com pé atrás
A garantir que há meios p'ra que o meu voo prospere
Quem quer que me espete, que espere
O esperma que me fez era esperto
Esmero-me até me veres num prospecto
À custa deste projeto, esqueci-me de marcar o traje—
(Hahah, esquece, esquece, bora)
Não vou gastar latim só porque sim, como outros ao redor
Eu transformei aquilo que eu escrevi numa vida melhor
Não vim ao mundo para ser manequim, provoco o meu suor
Em sociedade depois que eu aprendi que o meu esforço é menor
Às vezes faz-me bem roncar, mas não me vês guardar rancor
Eu já aprendi o que é tombar, mas por baixo pus um tambor
Por ter histórias para te contar, é que eu decidi ser cantor
E nem que eu veja o extrato a mudar, eu serei sempre um amador