Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
Rui Veloso
No Cabo de Guardafui
Vou aguardando bons ventos
Tiro a pena da mochila
E assento meus pensamentos
Às voltas com seu fadário
Um simples soldado raso
Tomai lá meu secretário
E guardai bem este meu caso
Só me deu p'ra dizer não
Em tempo de dizer sim
Também na mesma moeda
O mundo me paga a mim
Como este Cabo tão triste
Pedregoso e sem verdura
Assim minha vida existe
Marcada p'la desventura
Pergunto à musa porquê
Pergunto aos deuses nos céus
Todos me dizem que é só
Má fortuna e erros meus
Se baixo o amor à taberna
E depois o subo em soneto
Ele arde em mim com dois lumes
Um é branco e outro é preto
Assim ando estrada fora
Como um bardo vagabundo
Desisti de ver a hora
De ficar de bem com o mundo
No Cabo de Guardafui
Guardei os meus pensamentos
Ponho a mochila às costas
Pois já sopram melhores ventos
Como esse Cabo que existe
À tristeza condenado
Também a má fortuna insiste
Em andar sempre a meu lado
Pergunto à musa porquê
Pergunto a vós que me ouvis
Também achais que um poeta
Só é bom quando infeliz