[Verso 1: Trevo]
Pelos olhares matara o desejo, beijo de Judas
O queijo matará o rato na lata, em pé, sem ajuda
(Ninguém ajuda)
Gracejo, fogo e cachimbo
Parece eu e a preta em um incêndio na casa pelo fogo na sua asa
Um anjo frio, eu na lata empedrada
Lanço pedrada enquanto estátuas que oprimiram levantara
Machado cobra o injusto, dá coragem pra Dandara
Um elegun com sua adaga velejando pelas águas
Já pensando em dar o troco pelo preço que lhe pagam
Pela minha história que apagam
Hoje um cronista na mata
Como se um santo chamasse
Chamem de santo quem anda de contra
Persegue o grito e corta a luz e a lombra
Assombro mortos vivos, vivo morrendo de açoite
De fome e sede à noite
Escrevo o alimento, senhores, só para suprir as dores!
Em tempos de desnutrição, rimando em tempo integral
Entrego o sangue para o time, não sangro mais pelo mal (eu não)
Papai Noel europeu, distribui neve em trenó
Já não vos falo de dor porque essa cena da dó
Tem peça, tem peso, tem banzo, tem pó
Tem tempo e tempo é dinheiro em marcas fundas de cipó
[Refrão: Trevo, Alfa]
Denegrindo a cena e não é blackout
Gritando pros burgueses whiteout
Escurecimento nos laranja, fato
Tornando tudo negro e nem é enzimático
Denegrindo a cena e não é blackout, nêgo
Gritando pros burgueses whiteout, nêgo
Escurecimento, nos laranja, fato
Tornando tudo negro e nem é enzimático
[Ponte: Mara Mukami]
A supremacia da mentira eurocêntrica vai tremer quando perceber a nossa força, que estamos nos amando
E todos dias alguém vai dizer...
Sua novela racista, sua mentira em nossas escolas e o seu filho playboy vai saber
Que a piscina, o flat, o jet e as drogas que ele usa e vende é fruto de assassinatos de jovens negros que ele treme só de ver
Percebemos nossos corpos, a nossa energia
Somos o povo do Kemet, preto africano e original
Quilombismo... Isso é panafricanismo, mas isso vocês nunca vão saber porque nós não vai te dar essa moral
[Verso 2: Alfa]
Desgraça, ele tá ileso
Os caras usam as mesmas drogas que eu uso, mas adivinha quem que tá preso?
E o pior de tudo, cês não acredita
Que o fardado que me fez de fardo possuíamos a mesma tinta
Mas tá suave, eu saí do quase
Eu proporciono o meu lazer porque os playba consome minhas frases
Preto de fases da cor da rua
Sou luz de luar, vitória é certa, então conclua
Que preto afrofuturista, utopista
Afirma que conquista o mundo, só podia ser artista
Oportunista, comprou sua paz na mão de um cambista...
Se fudeu
[Refrão: Trevo, Alfa]
Denegrindo a cena e não é blackout
Gritando pros burgueses whiteout
Escurecimento nos laranja, fato
Tornando tudo negro e nem é enzimático
Denegrindo a cena e não é blackout, nego
Gritando pros burgueses whiteout, nego
Escurecimento, nos laranja, fato
Tornando tudo negro e nem é enzimático
[Saída: Mano Brown]
Um genocídio acontecendo, mano
Uma evolução intelectual e comportamental
De raça mesmo, autoestima, de beleza negra
De cor, de beleza negra mesmo
O que é que vende no mundo? Beleza, mano!
Vende tudo: vende carro, vende coisas na bolsa de valores, vende prédio
E um povo que sentia feio não conseguia vender nada, mesmo
Então, esse lance de sentir feio é foda
É o que eles fazia com a gente mesmo
[Diálogo: Trevo e Avó de Trevo]
(...) Não tinha nem uma casa
Quando a senhora chegou pra aqui?
(Quando) chegou pra aqui não tinha morador nenhum, quase nenhum
Só tinha lama, ninguém queria vim pra aqui... Carro não descia aqui, ficava lá em cima
Neném quando vinha do Rio de Janeiro ficava aqui no (?) parado pra carregar as coisas na cabeça, pra cá pra baixo
A lama aqui, ó, ninguém queria vim...
Escurecimento II was produced by Mimoso.
Trevo released Escurecimento II on Thu Aug 30 2018.