Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
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Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Desse tempo em que se permanece criança
durante milhares de anos,
trouxe comigo um cheiro a resina;
trouxe também os juncos vermelhos
que ladeiam a orla do silêncio,
neste quarto, agora habitado pelo vento;
trouxe ainda um olhar húmido
onde os pássaros perpetuam o céu.
Dificilmente esqueço a rua onde encontrei
os teus olhos imensos, fascinados
pelo fulgor secreto das espadas,
a casa onde te contei, de mãos trémulas,
a parábola do pão e do vinho,
dando a cada palavra um rosto novo.
A cidade onde te amei foi decepada
e não posso abolir as sentinelas do medo.
mas também não posso deixar de te querer
com beijos e relâmpagos,
com sonhos que tropeçam nas paredes
e se alimentam de terror e de alegria,
enquanto o tempo persiste em soluçar.
Que me quereis verdes sombras da lua
na minha cama onde adormece o frio?
Aqui estou, mais alto que o trigo,
sangrando nas pétalas do dia,
e sem receio de que aos nossos gritos
ainda chamem brisa.
Elegia e destruição was written by Eugénio De Andrade.