Duas Opções

(Verso 1)

Ironia do destino, essa...
Me trazer de volta pro começo...
Logo eu que tenho tanta pressa...
E uma vida toda pelo avesso...

Mas pra mim o fim é onde começa
O fim é minha casa desde o berço
Novo tabuleiro, novas peças
Mesmo ódio, mesmo endereço...

Se essa porra é carma, eu me nego fugir
Cicatrizes viram armas, armadura e valor
Eu conheço a displicência desde quando eu nasci
A criança, os seus lápis e uma vida sem cor

Vulnerável, vim do abuso e aprеndi a fingir
Quem devia protegеr que me apresentou a dor
Engraçado é que essa merda me trouxe até aqui
A fagulha do estrago é o que eu mais guardo com amor

Eu não sei mais o que é medo
Eu não sei mais o que é sono
Não sei se é tarde ou cedo
Nem conjurar meu patrono

Filho das alamedas
Eu bebo a glória da fonte
Navegante das perdas
Eu naveguei com Caronte

(Refrão)

Um merda ou uma lenda (...)
Duas opções...

(Verso 2)

Eu recuso perder pra mim mesmo
Nem que seja o meu último ato
Puta, eu já me acostumei com o peso
E eu errei quando achei que era fraco

Juro, cês teriam enlouquecido
Se vivessem metade do que eu tenho vivido
Gritando pra deus que ainda que eu ande no vale
Todos esses vícios foram o menor dos males

É uma saga e uma chaga que te desconcerta
Quando feito nenhum nesse mundo te completa
Nenhum palco, nenhum show e nem notoriedade
Nem sangrando eu consigo me sentir de verdade

Há quanto tempo eu não me via lúcido
O mapa do meu mundo, todos esses Judas pútridos
Nenhum argumento aqui refuta
Descobri que o meu melhor amigo era uma puta

Medo desse jogo? Não. Medo desse fogo? Não
Quem vive no furacão, vê tesão na sensação
Curtir seu processo é o seu ápice...
E quando eu me for, grifem "lendário" na minha lápide

(Refrão)

Um merda ou uma lenda (...)
Duas opções...