Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Jorge Palma
Eram duas amigas desfolhando a sorte
Acenando os dotes que a vida lhes deu
Eram duas compinchas a tagarelar
Dispunham de tempo e espaço
O limite era o céu
Eram duas amigas
Eram unha com carne
Semeando os gestos ao deus dará
Eram protagonistas nos retratos
Entre um decote mais ousado
E um golo de chá
Veio o ciúme, veio a paixão
Veio o abismo onde cai a razão
Vieram dias escuros cada vez mais iguais
Cada uma mais perto de ter a verdade na mão
Eram duas amigas
Entretendo o tempo, tecendo muros de papel
Eram duas comadres desconversando
Perdidas no traço fino
Entre o fel e o mel
Eram duas amigas
Ecoando ao fundo
No centro do Mundo, onde eu morei
Eram dois segundos de concentração
Vestidos de cores que eu nunca mais descreverei
Veio o silêncio ensurdecedor
Ainda há contacto mas não há calor
Quando as mãos ficam rijas e a alma se esconde
E fica entrincheirada
Entre o ódio e o amor
Entre o ódio e o amor