Dragão

Mas agora quando vieres de lá…
3, 2, 1

[Verso 1]
Coração em chamas
Fogo posto, balas à flor das escamas
Há uma guerra nesta terra onde semanas são contadas
Como em valas despojos de almas humanas que em chamas
Quando olhas para onde as nuvens ficam
E quando os túneis mirram e dias úteis ditam
A preto e branco que o xadrez é lei punível
E aquela voz calmante não está de momento disponível
E esta cor berrante não te faz parecer incrível
E invisível numa estante sem rasto de combustível
Abaixo do traço de nível pintado com cor de níquel
A gritar “Eu troco abraços por um vaso compatível”
Fora da caixa, dentro da prisão sem barras
Na nossa caixa, não rasgamos as mordaças
Como um dragão que traz fogo a utopia
A preto e branco, porque tememos a cinza

[Refrão 1]
E vai ficar tudo bem
Como se fosse um pesadelo
E vai ficar tudo bem
Como se fossemos parte dele

E vai ficar tudo bem (vai)
E vai ficar tudo bem (vai)
E vai ficar tudo bem
Como se fosse um pesadelo

[Verso 2]
Mas é isso, esta cidade come pele
E se a verdade tem cor de fel, eu vou provar o comprimido
Como o ar entre o pescoço e o cordel
E quando eu grito no meu ilhéu sei bem que não sou ouvido
Mas não me larga o sabor a vitória plástica, já mastigada
Uma luta disfarçada, a batalha sem vitória
Entre o último romântico e o primeiro hipócrita
Quem é que paga a solidão acompanhada?
Só tenho copos de vidro e um recibo
E uma carta de felicidade engarrafada
Espero pelo dia certo para abrir
A queda é livre, agarra algo
A meta é íngreme, faz um socalco
Sonhar mais alto, bater no fundo, sentir o dano
De que lado estamos quando desce o pano?
Estas paredes não falam, só abafam o ruído
Da violência doméstica de um deus desiludido
Somos o vizinho e come a refeição, ignora isso
Somos o vizinho, ignora a mão, ya, caminha hirto
Cancelem o veredicto, ainda tenho brilho na mente
Pinto o arco-íris na íris e um pôr-do-sol na lente
Já não adianta esperar mais pelo sol nascente
Nós só marchamos e não há mais terreno à frente (yo)

E não há mais terreno à frente

[Refrão 2]
… tudo bem (achas?)
E vai ficar tudo bem
Como se fosse um pesadelo
E vai ficar tudo bem (achas?)
E vai ficar tudo…
Como se fossemos parte dele

E vai ficar tudo bem (achas?)
E vai ficar tudo bem
Como se fosse um pesadelo
E vai ficar tudo bem (achas?)
E vai ficar tudo…
Como se fossemos parte dele

[Verso 3]
À sombra também chove, à chuva ainda se dança
Deixa-me continuar absorto nesse teu corpo que balança
És a serpente que me encanta, és a corrente que me enrola
A tentação que me condena, a constelação que me controla
Salivo pelo teu fruto proibido
Viciado no pecado, pedaço de abismo
Deixaste-me um sabor estranho no crânio
Eu só pergunto ao espelho