[Verso 1]
Barco furado não é submarino
Borbulho, fugi da ilha
A ponte quebra e tu se lança
Num só tiro
Exposto e frágil
Ouve o ruído inaudível
Em meio a tanto barulho e vai
Do pó ao que pode ser milagre
Por em obra, por a prova
Máquinas não desligam
Cegos com esperanças no colírio
Do lixo ao quilate ao calibre
O que te para?
O que te faz tremer e desistir?
Ressuscitar é um soco
Ruir e o minimo
Tenho minha fé de volta
Não levantaras do chão
Da origem ao princípio
Eu roía os dedos
Porque unhas não bastam
O sol nasceu ao meio dia
Ninguém mais enxerga filma
A maré se inclina sob a lua
Mas há quem domе
Raios e grandiosas ondas
E a tempestadе cobre o céu
Como o suor cobre a testa
De quem foge
Mas e quem fica?
O pouco fôlego de quem balbucia
Inabalável mesmo ferido
Vaiado
Aplaudido
Medite e não medique-se
Perante a luz terrível
Todo joelho dobra
Toda alma agita-se
Treme, desiste
Isolado no próprio umbigo
Netflix
Codeína
Santa erva maldita
Troca a bússola pela âncora
Quem atira sabe o risco
Quem avista o desafio e trava
Ou vive cansado
Ou explode a têmpora
O medo amarra e faz correr
Coragem guerreiro, lembras
Não és o ultimo nem o primeiro
Flechas contra mim arremessadas
São impotentes
Pois deságuo, fluo
Tal calendário úmido
Logo fóssil e logo é súbito
Fulminante
Converso com Deus todos os dias
(Sinto muito, sinto muito)
[Verso 2]
Ouso ser divino
Divido e multiplico
Salgo a lesma e a carne no domingo
Fui pego no ato e tu dormindo
Na semana leões no labirinto
E se cada leão for eu mesmo?
Ela finge o orgasmo e tu conta:
Gozou três vezes
Odeia o ex pois não serves pra nada
Portanto cala-te, percebes tua nítida fraqueza
És menos que o cuspe do que nada vale
Abaixo do nível do meio fio
Maquina que pifa quando precisa
Sonambulo em stand by
Não sabes o que e entrar em colapso
Fruity loops, crackeado
Drumm kit ímpar
As mãos de Tiago sob o estrondo
Abençoam cada silaba, cada timbre
Iluminam, emociona a Monalisa
Pedrada na lente de contato
Pano de fundo cromakey
Desatei os nos do carcere
Me vi sobre pocas cristalinas
Onde relampeja mas o sol rega o que precisa
Tantas bolas num fino quando tinha quinze
Adolescência vingativa
Como toda juventude é
O rancor escure os olhos
Ressentimento os comprime
Não mais me culpo
Sem venda, cegueira
Esmago os vermes na ferida
Fogo brando, cauterizo
Ouço o que ecoa da caverna
E se cada leão for eu mesmo?
Sucumbe a pedra mais antiga
As cabeçadas na parede que não cede
Nasci antes do mês previsto
Jogo a moeda:
Ansioso mas no domínio
Flerto com a corda bamba e vejo tu caindo
Talvez precises de novos olhos
Do Pó Ao Que Pode Ser Milagre was written by FRAJ.
Do Pó Ao Que Pode Ser Milagre was produced by Arit.
FRAJ released Do Pó Ao Que Pode Ser Milagre on Fri Aug 28 2020.