[Refrão]
Sei que e um dia de cada vez
Mas as horas passam tao rápido
Troco de pele mas mantenho
Os fantasmas no armário
Te entrego palavras ao invés de flores
Depois te fotografo
E eu sei que sentirei saudades
Mas eu sei que e um dia de cada vez
[Verso 1]
Boca a boca roubo teu folego
Mira em mim
Olhos de ressaca
De cigana obliqua e dissimulada
Cheiro de garoa
Crinas de areia e sal
Sabor de sonho
Mas fui ao labirinto com os demônios
Quando vi no limbo nascеu uma flor
Cuspa os ratos do estômago
Encontre a cabeça pеlo comodo
Destaco-me na multidão
E é como se não houvesse casa
Me verás aos berros
Arrancando cabelos mas mudo não
Em punhos a espada
Coração inquieto, queixo erguido
Troveja e do céu cai brasas
Mas do meu peito e a tempestade
Já estou acostumado
Se muda a face
A fisionomia e a mesma
Caso os olhos abram
Caso os olhos abram
[Refrão]
Sei que e um dia de cada vez
Mas as horas passam tao rápido
Troco de pele mas mantenho
Os fantasmas no armário
Te entrego palavras ao invés de flores
Depois te fotografo
E eu sei que sentirei saudades
Mas eu sei que e um dia de cada vez
[Verso 2]
As vezes a vida e um grão na uretra
Dei com a cara nas pedras
Além da matéria
Dos olhos pra trás eu não minto
Incorporo épocas
Anoiteço
Brilho
Tem dia que nasce e nunca acaba
Fumei um e revivi o passado
Por que eu não paro?
Assola-me a nevasca
Mas eu fulguro, queimo
No inferno, terceiro círculo
Eu tenho fome
Os cães latindo
Gigantes bocas são meu horizonte
Mas ouço a voz de Virgílio
Tropeço na ponta do prédio
Escondo as asas
Mas distribuo as conquistas
[Verso 2]
Aos seres de minha especie
Por gritante semelhança e inesgotável diferença
Lhes digo o inevitável:
Ha quem colha o alimento e odeie os frutos
Ha quem morda o próprio coração, salivando
Prestes as deferir o golpe
Há quem estenda as mãos no escuro
Para depois abrir os olhos
Os pés cravados no inferno
A um passo do milagre
Sei que tu vais lembrar de mim
Teus olhos me dizem muito
Meus gestos já apagaram velas
Mas não sucumbi: visão noturna
Tudo desbotou mas e se eu colorir?
Não me veras colidir nas pedras
Contra o vento numa só flecha
Braçadas no ar tipo um colibri
Não me intimidam as quedas
Braçadas no mar tipo fugitivo
Nas mãos do destino
O gatilho não emperra
A morte me espera enquanto a vida brota
Amanhecer
Abrir os olhos
A brancura dos cabelos advém das horas
Conversas na k7, o tempo sufoca
No VHS décadas que ele borra
Bagunça na kitnet, memória
Cubículo que se expande
O destino é agora
Casos Os Olhos Abram / A voz de Virgílio was written by FRAJ.
Casos Os Olhos Abram / A voz de Virgílio was produced by Arit.
FRAJ released Casos Os Olhos Abram / A voz de Virgílio on Fri Aug 28 2020.