Por dias claros
Os dias claros não me chamam
Talvez se tenham esquecido de mim
Só sei o que são dias claros
Porque não tenho dias assim
Os dias claros tão distantes
Deste tormento cultivado
São paga mal paga de quem nada deve
Durmo na cama que não fiz p'ra mim
Por dias claros
Por dias claros
Entrego-me aos céus, cordeiro
Numa soma de vertigens por insistir no caminho que escolhi
Há procura de saber quem sou
Tem sido difícil suportar a vida em Lisboa desde que vim p'ra cá em 2008 com uma mochila e doze sonhos escritos à pressa de boleia com o meu padrinho para viver em casa do meu primo Luís
Há dias em que acordo e vou dançar p'ra sala orgulhoso por tudo o que tenho feito de bom
Mas na maioria dos dias quando me levanto fico sentado à beira da cama com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos a segurar a cabeça
São esses os dias que me fazem crescer
Os dias claros não me chamam
Talvez se tenham esquecido de mim
Lembra-te sempre que os teus dias claros
Foram gula que guardas para ti
Suporto este meu travo amargurado
Conto ter dias claros no fim