Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Eugénio De Andrade
Olhas-me ainda, não sei se morta:
desprendida
de inumeráveis, melancólicos muros;
só lembrada
que fomos jovens e formosos,
alados e frescos e diurnos.
De que lado adormeces?
Alma: nada te dói?
Não te dói nada, eu sei;
agora o corpo é formosura
urgente de ser rio:
ao meu encontro voa.
Nada te fere, nada te ofende.
Numa paisagem de água,
tranquilamente,
estende os teus ramos
que só a brisa afaga.
A brisa e os meus dedos
fragrantes do teu rosto.
Mãe, já nada nos separa.
Na tua mão me levas,
uma vez mais,
ao bosque onde me sento
à tua sombra.
— Como tu cresceste! —
suspiras.
Alma: como eu cresci.
E como tu és
agora
pequena, frágil, orvalhada.
Coração do dia was written by Eugénio De Andrade.