Cachimónia

[Verso 1]
Não entendo estes humanos
Sempre ao peanho
Com a garganta e não com os gadanhos
Mas entendo este vinho
Este sede de fugir deste corpo fiado
E devolver o que me coça
Por estar emborrachado
Mas não entendo a criatura
Com a cachimónia em água
Que se afoga só para não
Respingar quem a empurra
Era metê-la num saco, dar-lhe uma surra
Fazer dela bagaço e escangalhar-lhe a fuça
Porque não há nesta espelunca
Ninguém que valha a nossa nuca
Que raio de corpo de estafermo
O meu faro perdeu todo o pigmento
Só me resta a garrafa do arrependimento
Olha-me que ricos ossos
Ou é de mim ou estou todo transparente
E o que é um coração reincidente
É o perdão depois do enforcamento

[Refrão]
Obrigado a quem pisou as uvas
E deixou a adega mal guardada
Obrigado a quem deixou viúvas
E esqueceu a porta encostada

Obrigado a quem pisou as uvas
E deixou a adega mal guardada
Obrigado a quem deixou viúvas
E esqueceu a porta encostada

[Outro]
Que raio de corpo de estafermo
O meu faro perdeu todo o pigmento
Só me resta a garrafa do arrependimento