[Verso 1]
Só queria um amor igual ao amor dos meus pais
Só queria um amor igual ao amor dos meu cães
Mas eu só vejo um bicho em mim, impossível de querer
Ainda assim os meus botões não me pedem para morrer
Falta-me o cheiro a vida, a pólvora no sangue
A aguardente de um homem, o peito de uma árvore
A tosse de um pássaro e a cantiga de um tratante
Falta-me o meu rosnar e a tua vontade
[Refrão]
Fui eu quem me tratou abaixo de cão - mas não
Quem mе pisou abaixo do chão - e então
Mandei-mе ao lagar, fui benzido
Ou fico mais forte ou destilo
[Verso 2]
Só queria dormir como dorme esta terra
Estender-me no chão, servir de manta à poeira
A morte não traz uma foice mas uma enxada
Ando descalço porque sei para onde vão estas ossadas
Vivo sobre um joelho, a honra é uma intrujice
Estas lágrimas limpam-me as nódoas e nada mais que isso
Já comi os espinhos, bebi do vinho benzido
Mas a minha vergonha foi pegar o fogo ao ninho
[Refrão]
Fui eu quem me tratou abaixo de cão - mas não
Quem me pisou abaixo do chão - e então
Mandei-me ao lagar, fui benzido
Ou fico mais forte ou destilo
[Verso 3]
Deixa-me contar-te o que me diz este litro
Trabalhar não é bom nem digno, é só castigo
Ninguém neste aido é honesto se é rico
Tenho cara de guaxinim mas sou castiço
Há dias em que corro o trinco ao postigo
Fecho-me na botelha até levar sumiço
Ou protejo a cachimónia ou cachimbo o instinto
Só quero ver o inferno fazer o pino
[Refrão]
Fui eu quem me tratou abaixo de cão - mas não
Quem me pisou abaixo do chão - e então
Mandei-me ao lagar, fui benzido
Ou fico mais forte ou destilo
Aguardente was written by Stray (PRT).
Aguardente was produced by Raez.
Stray (PRT) released Aguardente on Thu Dec 16 2021.
No final da história, o plano de viver à margem das emoções humanas desmorona-se.
À primeira aguardente de medronho, o Rafeiro desfaz-se e deixa correr tudo o que tem vindo a conter. Ao seu último uivo, reconhece a sua humanidade… esgravatando o que há muito deixara enterrado.
– Stray em entrevist...