[Verso 1]
Aqui a visão já não é tão bela
Brasília periferia, Santa Maria é o nome dela
Estupros, assaltos, fatos corriqueiros
Desempregados se embriagam o dia inteiro
A boca mais famosa é o puteiro
Onde que só rola, me desculpem os roqueiros, os metaleiros
É só rap, forró e samba, os verdadeiros sons do gueto
O divertimento são algo: donas chamadas vadias
Donas, que de alguém são filhas
Mais uma vez caímos na armadilha
Primeiro mandamento da cartilha que diz
Destrua o povo começando pela família
No Gama, fama é o drama sensacionalista
Jornais revistas segunda sai a próxima lista
Pânico na população
Mas esqueceram a escolinha de futebol do Bezerrão
Do samba no salão do samba no salão que já é tradição
E de repente nem tudo anda mal
Cursos de alfabetização no lixão da Estrutural
Iniciativa não-governamental
Água azul, céu azul, Pacaembu
Cruzeiro do Sul, Val, Pedregal
Cidade ocidental na divisa do estado
Cresce a passos largos, vários bairros amontoados
Nova Esperança, Boa Vista, Parque Andorinhas, Alagados
E não é só: Parque Esperança, Núcleo Residencial DVO
Isso sem falar no Parque Estrela Dalva
Novo gama no ipe no jardim ingá em Corumbá
Aqui lembra o Paranoá
As pessoas as ruas sei lá pode crê
Mas só pra te lembrar
Periferia é periferia em qualquer lugar
É só observar
Baú sempre lotado, vida dura
Cheia de sonhos
Não importa seja seja no Guarjão
Na Agrovila ou em Santo Antônio
Periferia cresce noite e dia
Já se perdeu de vista
Cidade Osvaia Queiroz, morro Santa Rita
Parque Navaroz Beatriz, Vargem Bonita
Verdade seja dita
Mão ao alto é um assalto
Ninguém é recebido assim
Na Vila Planalto, no Jardim Planalto
Não conhecem, não frequentam, levantam suspeita
Gente nota dez, Ponte Alta, Saia Velha, Jardim Zuleica
E de repente o pessoal do Sol Nascente
Nova Friburgo, Novo Oriente surpreende
Com ideias inteligentes
Detalhes surpreende a quem nunca botou nenhuma fé na gente
Santos Dumont, Vila Gusmão, vamos em frente
Cidade jardins mesquita Parque Mingone
Abuso de autoridade dos omi
No agreste, na instância, apesar da distância
É, são quase 100 quilômetros rodados pra chegar no trabalho
Nem sonhar em atraso
Rotina do seu João desde criança
Para bater o ponto no horário
[Refrão]
Brasília periferia
Brasília periferia
[Verso 2]
Prepare-se pois daqui pra frente vão ser forte as cenas
O quebra é o Recanto das Emas
Muita poeira ,sobra decência
Muita pobreza, estoura a violência
Zilda e as crianças que deus os tenha
E aí, Japão? E aí, GOG?
A gente aqui se lembra?
Num comício prometiam a população mundos e fundos
Eu vi ali a Rede Globo através de aliados imundos
Só faltava tela, Cid Moreira e Chapelin ao fundo
E na real a área é considerada ainda hoje pela elite o cu do mundo
Tá vendo ali ao lado? Claro. É o Riacho Fundo
É, minha casa evoluiu muito
Anda lado a lado com a Telebrasília
Onde tenho vários considerados
Acampamentos transformado em bairro
Um povo que nasceu e conviveu junto, hoje vive separado
O erro fatal foi terem construídos suas casas
Próximo aos barões do lago
Juventude de atitude deram um ponto final
Na falta de diversão que era geral
No forrózão do Vavá
A parada da hora, é só som radical
Iniciativa não-governamental
Daqui tô vendo luzes acesas, é Samambaia
Vários botecos abertos, várias escolas vazias
Coisas inacreditáveis acontecem a luz do dia
Lá o vibrião da cólera seria epidemia
Reduto eleitoral bastante disputado
Hoje dominado por um infeliz
Cujo o nome se rima, não se diz
Mas nem tudo em Samambaia é ruim
Mix Mania quando rola, rapaziada curte até o fim
Altos grupos presa gente de atitude
Gente honesta que o poder ilude
Com sua ambição mesquinha
Brasília periferia também tem sua Rocinha
E muita gente que pra ter o que comer em casa
Tem que pegar o que sobrou pelo chão no verão da Ceasa
É, em Taguatinga a coisa anda séria, brigas, tiros
No Citi e no Primavera, o clima tá tenso
Os bailes foram até suspensos
Será rixa entre gangues? Será o maldito Miami?
Em todo show derramamento de sangue
Da praça do relógio, vamos adivinhem pra onde?
Pegando sempre a direita dá no Arial
Se a gente for em frente dá na Chaparral AL
E AM fazem divisa com a CI
O centro de erradicação de invasões criadas no governo Médici
Prepare-se pois a área não tem nada haver com a Disneylândia
"CI" pra quem não sabe é a Ceilândia, tô em casa
Aqui os chegados sempre respeitaram as caras
No Quarentão, no Santana, no Primão Paradão
No sol e água Bernardo Saião
Altos bailes blacks
Se o Riacho tem GOG; Ceilândia tem X
E atitude não para por aí
Os 3 s: de X, Zulu, Sociedade Anônima
Dona Nadi e muitos outros que não citei aqui
Mas lamento dizer que A ou B são o X da questão
A saída pro que ocorre no B Norte, no B Sul
Centoró, expansão está na nossa união
Basta um momento de reflexão pra perceber
Que o pessoal do privê
Dos setores O, P, Q, já já ta no Z
Sozinhos não vão se manter
Saneamento básico, cadê?
Ei, você, a mudança está em cada um de nós
Essa luta não venceremos sós
Em frente a décima quinta dei asas a imaginação
O povo viajando de avião
Político corrupto descendo pra papudo engaiolado de camburão
Isso depois de sentirem qualé passar uns dias no núcleo de custodia aí na CBE
Haha
[Refrão]
Brasília periferia
Brasília periferia
[Verso 3]
Bola pra frente, há muito chão ainda
Vamos passar no Parque da Barragem
Almiscas, girassol, águas lindas
Lá, Roger, minha mina tem até um tia
Todo dia tenho que estar as 3 em ponto no CIA
Um campo de futebol, uma bola, a molecada brinca
Rodeador, São José e o Incra
Que tal curtir em Brasilinha
É só quebrar por Braslândia, Sobradinho
Passar por planaltina, dar um T
Na casa de uns chegados no Vale do Amanhecer
Trocar ideia com o pessoal lá do Pombal, do Caveral
Vida longa Thales, Código Penal
O suficiente para haver melhorias, mudança de clima
Na Vila Araponga, Rio Preto, Vila Vicentina
Buraco fum doze a, Tabatinga
Vila de Fátima, Centro Sul, Garam
Onde os problemas nunca foram tantos
Mãe chorando, irmão se matando, até quando?
GOG, vamô nessa?
É só o tempo de me despedir
Com um abraço ao mestre da Armassarandi, Vila Buritis
Já tamo na estrada, vamos falar então do rio
Lá do Sansão, do mutirão, do R9
Vila do Bode, um povo sofrido que esbanja arte, exemplos
Índio e Lelei, dois engraxates
Realmente eu tava afim de roletar por lá
Mas infelizmente não vai dar
Marquei as dez horas no Guará
Onde tenho muita gente amiga
Pode crer, Garibo, quarto irmão da família
Obrigado dona Anísia, pai e mãe da Mayara, minha filha
"Um beijo pra você"
É tão bom relembrar a igrejinha, o Cave
Os magrelos, os bira, criatividade, palavra-chave
Quem é das antigas sabe
Na fita veio o cruzeiro com o tempo do Bandiá
Depois bater um rango na fonte do Bom Paladar
Curtindo com Sandrão e Tonhão
Ouvindo discos do batuque
Que na madrugada rolava no galpão Darugue
A candanganha e o bambam sempre tiveram que tempo bom
Fumaça no salão soa ao som da Digisom
Na metro, na Divinéia, altos lazer
Balanço com a equipe do Leo até o amanhecer
Rap nacional manda ideia, você decide
Nascia entre nós a favela do Thaíde, um grande irmão
Casa grande, Arniqueira, só frango
Bernardo Saião, sobreviver nossa missão
O que falta na elite, na periferia tem de sobra
Solidariedade e humildade a toda hora
O beabá da vida é a nossa escola
E, pode crer, disposição temos de sobra
Se não passamos pela sua cidade
Com certeza ela estará na próxima viagem
Periferia, essa foi nossa mensagem
[Refrão]
Brasília periferia
Brasília periferia