Esqueci tudo como era antes
Não deixe a luz do sol mais entrar
Toda esperança já tá tão distante
E nem no sonho cê vai encontrar
Não vejo os dias, as horas é tão pouca
Veja o dia nascer e passar
Olhando pro além, em estrelas me perco
Tudo tão pálido, não quero voltar
Raios de luz já não vejo
Faço meu último desejo
Já não sei o que é mais medo
Algo me mata pro dentro
Ouve mensagens do vento
Ou você atento
Deus não resiste o tormento
Pois eu resisto o tormento
O tempo passa, tudo apodrece
Já não sinto o dia em que aqui amanhece
Falsa sensação, preso numa ilusão
Nem o meu próprio reflexo sequer me conhece
Me sinto morto e ao mesmo tempo me sinto livre
Pois já não sei se é uma coisa em que aqui me limite
"A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar-condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá."
[Outro]
"Nós temos mantido em segredo a nossa morte para tornar nossa vida possível"
HA-HA-HA
HA-HA-HA-HA-HA
HA-HA-HA-HA
HA-HA
"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia...
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão."