À Base do Quase

[Verso 1: Kaines]

Quase, estar próximo iminência uma fase
Poético advérbio de distância ao desenlace
Relação de probabilidade com a lei de Laplace
Macabra palavra quase sempre incluída numa frase
Quase, enverdei por caminhos que eu não queria
Quase, não saio da cama para ver a luz do dia
Quase, não tinha energia sem recurso à Sertalina
Quase criei dependência ao injectar morfina
Quase tive uma família feliz, quase me senti amado
Mas o meu pai, não estava para aí virado
Quase fui à selecção de basquete com a qual tinha sonhado
Mas parti o pé já depois de ter sido convocado
Quase, deixei a dúvida embalar-me em sonambulismo
Mas o rap ajudou-me a praticar o exorcismo
Quase não fiz este álbum contando as minhas peripécias
Mas no fim por tralhas e malhas eu venci esta inércia

[Refrão: Vânia Madureira e Kaines]

Na ânsia de chegar
Só pra te ver, poder-te tocar
Só pra saber, ganas de ganhar
Ou então morrer
A um passo de achar!
Sempre à base do quase

[Verso 2]

Quase entrei no curso universitário pretendido
Mas um erro numa escolha múltipla não me permitiu isso
Quase testemunhei um sangrento homicídio
O culminar de anos de maus tratos e silêncio
Quase lhe desejei a morte, era tamanho o repúdio
Agora canalizo a raiva através de uma voz em estúdio
Quase, cheguei a casa no dia 19 de Julho
Mas acabei num mato soterrado em entulho
E os embrulhos de natal? O quê que querem que lhes faça?
Quando nessa altura já fui despejado da própria casa
A ameaça está nos falsos amigos, aqueles que dão de sola
Amigos da onça, embora eu não fume de enrola
Quase considero a minha vida um jogo de "razzle dazzle"
Só que com balas de dor, e sem uma peça do puzzle
E se deixei algo por completar, quase o conseguia
Volto já um até jazz e um gajo vê-se um dia

[Refrão: Vânia Madureira e Kaines]

Na ânsia de chegar
Só pra te ver, poder-te tocar
Só pra saber, ganas de ganhar
Ou então morrer
A um passo de achar!
Sempre à base do quase