[Intro]
[Verso 1]
Delinquente, sou crente no crime
Eloquente, quando crio estou quente no crib
Insuficiente, sempre preso na cripta
Peso a orbitar, pego na caneta a gritar
Obrigado a ser assim num sonho separado
Da realidade onde saio incinerado
Ensina-me a simples arte de enganar quem não é parvo
Sabe que é mais um escravo, no fundo enganado
Limpo a lamparina, sou um mago
Uma verdade de la palice, sem police no meu yard
Com quinze anos vi que o certo e o errado
São meras escolhas da vida de quem é esperto ou tapado, bom
Não me arrependo de ter pisado o risco
Deixo a cabeça ao relento para curar um quisto
No coração, a cidade acha que é fuga ao fisco
Mas a expressão está na minha liberdade, insisto
Bem tentei, mudar a minha atitude
Não creio, que iria sair sortudo
Atei, uma ancora ao fundo do poço
Que eu nunca quebrei
Não poupei, caracteres
Nesta epopeia
Sem talheres devoro esta ceia
Conformismo é o teu prato
Nesta ratoeira
Vivemos na
Cultura da embalagem que despreza
O conteúdo e dá destaque á beleza
Porque a imagem manipula
Um abelhudo e esconde a sua incoerência
Surpresas
Podem vir do karma escuro e das ofensas
Que tu expeles com raiva nessas conversas
Atropelaste nas talhas
Tens sempre a tua "paciência"
[Bridge]
Eles só pediam para eu sorrir
E eu não sabia porquê
Eles só pediam para eu falar
Mas eu não era capaz
Eles só pediam para eu sorrir
[Verso 2]
Palavras navegam no universo
Voltam em formas gigantes, abanam-te o alicerce
Excesso de confiança, não confio numa fiança
Uma aliança emprestada só é de quem a exerce
Toxinas pegam-se á pele
E levam-te ao céu
Transmitidas por um papel
Ou por um pixel
As duas podem vir dos teus amigos
Sobem duvidas até nos mais antigos
Vim para limpar a língua
Lapidar na Lisa
Detido em delito
Por furtar mais lítio
Lecionar as crianças perdidas
Como se morassem no Líbano
Se és tóxico
Eu bloqueio-te é lógico
O cansaço é sólido e eu só estou
No sótão no meu mundo cósmico
A criar paredes com rosas
Num mundo onde eu sou misantrópico
[Bridge]
Eles só pediam para eu sorrir
E eu não sabia porquê
Eles só pediam para eu falar
Mas eu não era capaz
Eles obrigaram-me a sorrir
Eles suplicaram para eu falar
E eu só gritava a perguntar: o que é que eu faço aqui?
Não sei não, não sei não não, não sei não, não sei irmão não sei
Não sei não, não sei não não, não sei não
Sempre a forçar o meu riso
Se é para forçar o meu riso