Vulto

[Refrão: Yara Priscilla]
Ouço passos no meu quarto
E sinto um arrepio intenso
No meu corpo sinto passearem mãos
Que no fundo eu reconheço
A beira da minha cama eu vejo um vulto
Mas a escuridão o mantém oculto
E o silêncio da noite sufoca minha alma
E mantém o meu grito mudo
Mas quem será, quem será?
Que abusa do meu corpo, quem será?
E quem te dá, quem te dá?
Permissaão p’ra isso quem te dá?

[Verso 1: Kenobi, Yara Priscilla, Kelly Valigy & Sheila Faiane]
Ele visita me todas as noites
Surge no escuro, sombra sem rosto
Já conheço seu cheiro, ele fede a cigarro
Rasteja até a mim como um lagarto
Me envolve em seus braços, me encosta em seu peito
Sussura que sou sua, que o meu corpo
É o seu templo sagrado
Suas barbarias mãos marcam minha pele
Gemidos confusos, Torre de Babel
Engulo em soluços, choros difusos
Vislumbro a imagem de um malmequer
Sinto que ele desflora minha carne com violência
Desejos lascivos supridos a custo da minha inocência
Enquanto o pecado é compactuado pelas minhas paredes
Os lençóis se impregnam de suor, sangue e lágrimas
Imploro que pare, eu tento lutar
Mas num acto covarde, o meu corpo não reage
O vulto mergulha num deleite continuo
Aceleram-se os movimentos e o seu ritmo cardiaco
O tempo para, e ele tambem
O suspiro de alivio anuncia o fim do martírio
A passos lentos ele se perde na escuridão
E entregue a dor, cansaço e raiva
Mantenho me imóvel, ao consolo do meu colchão

[Refrão: Yara Priscilla]
Ouço passos no meu quarto
E sinto um arrepio intenso
No meu corpo sinto passearem mãos
Que no fundo eu reconheço
A beira da minha cama eu vejo um vulto
Mas a escuridão o mantém oculto
E o silêncio da noite sufoca minha alma
E mantém o meu grito mudo
Mas quem será, quem será?
Que abusa do meu corpo, quem será?
E quem te dá, quem te dá?
Permissaão p’ra isso quem te dá?