Hoje tenho o pressentimento que vou morrer durante o sono
Deixar de sentir batimentos bem no auge do meu sonho
Obcecado pela ideia de que amanha já não acordo
Obcecado pela morgue, obstinado face a morte
Há uma porta que se abre sinto o respirar da noite
A lua transpira tragedia eu sinto a brisa no meu corpo
Sinto o sangue congelar quando sinto cada sopro
A cada minuto acordado sofro com mais um sufoco
Horas antes escrevo as ultimas palavras
Selectivo no que digo pois serão eternizadas
Preocupado com a métrica das quadras
E o sono vai dizendo "despacha-te ou não acabas"
Procuro em mim alguma réstia de pânico
Mas tenho a morte entranhada no meu crânio
Acendo o isqueiro com um copo de uranio
Desliga o som, isto é um ritual satânico
Eu sinto que algo vai mudar por isso hoje não me deito
Mau pressentimento, sinto um aperto no peito
Não temo a morte mas trato-a com respeito
Dedico-lhe as palavras pra vir a ser bem aceite
Supera o teu medo, porque o sono não te leva
Debaixo de cama tens o sonho que te cega
Fecha os olhos mano, da-me a tua mão
E voltaremos juntos para a ressurreição
Olho a sombra na parede e sinto-me intimidado
Assustado pelas trevas, olhado pelo diabo
Quem me conhece não vê o lado sombrio
Eles pensam que sou doente, na verdade sou maníaco
A insanidade que me apontam é infame
E a loucura que me acusam é engano
Sou viciado na morte, ta-me no sangue
O meu livro a cabeceira sempre foi são Cipriano
Não sou grato por me terem dado o mundo
Mas no fundo guardo magoa por tratar o mesmo assunto
Sempre com duas pedras, as que trago na mão
(E) sinto dedos apontados a gritar "ingratidão"
Anos a pensar no que virá, vou descobrir
Venha a barca me buscar que eu estou pronto p'ra partir
Já desde o berço que sou um caso isolado
Eu vou morrer durante o sono e estou a ficar ensonado
Eu sinto que algo vai mudar por isso hoje não me deito
Mau pressentimento, sinto um aperto no peito
Não temo a morte mas trato-a com respeito
Dedico-lhe as palavras pra vir a ser bem aceite
Supera o teu medo, porque o sono não te leva
Debaixo de cama tens o sonho que te cega
Fecha os olhos mano, da-me a tua mão
E voltaremos juntos para a ressurreição
Vou Morrer Durante o Sono was written by Puro L.
Vou Morrer Durante o Sono was produced by Lance Libra.
Puro L released Vou Morrer Durante o Sono on Fri Mar 23 2007.