Vivência

[Verso 1: Matéria Prima]
Mundão a milhão
O apocalipse em timelapse
Gritos de socorro em capslock
Não escrevo mais linhas dos meus raps
Uso fios de taser que dão choque
Não de brutalidade dos cops
São de realidade nos corpos
Tem meu endereço no Google Maps
Colado na pedreira brado lopes
Gata me pergunta se eu tenho pets
Caixa me pergunta se eu tenho dotz
Só sei que to esperto na internets
Pra não ter que discutir com bots
This is américa do sul, sempre procurando um norte
Rebelde contra o sangue azul, que também é vermelho na hora da morte
Se ta frio uso calça jeans
Se tá calor eu uso shorts
De bermuda eu já errei kickflips
Na canela tem a marca dos cortes
Tipo cicatriz do coração, que machucou se achando forte
Agora bate que nem o beat, se recuperando do capote
Quando o rap ainda era mato, mano eu capinei muito lote
Olha a mão cheia de calo, a caneta é minha enxada filhote
Mudando de pau pra cavaco, ou de passo pra pinote
Só eu que notei que papaléguas de coiote tão doidão de veiote

[Refrão]
Criei asas no bairro pra voar pelo mundo
Com a vivência que avança pelo Brasil profundo

[Verso 2: Nabru]
Eu vejo pessoas quadradas vidradas
Sem forma nenhuma
Eu sigo armada nas benção da minha vó
É, mais livros pra nós, espada e letras organicas
Felicidade é samba nunca que se bamba e no peito banca
Num abro o peito pra sentimento que não seja inteiro
Repara bem nesse nosso terreiro, ungida desde sempre
Usando a sola dos pés pra abrir meus caminhos
No sapatinho eu vou, to cansada de tiro e de drogas
Nao romantizo a minha vivencia
Nao romantizo essa nossa vivencia
To com as pernas ainda jovens a cabeça meio veia
Ja dizia minha veia quantas vidas seu corre salva
A geração que tenta por conta própria
Faça você mesmo ou não faça nada
Mas corre pra não perder o trem
Pensa bem pra não perder sua direção
Na lotação pensando num lugar vazio
Melhor sentindo no peito um vazio
Até encontrar o meu som e ficar melhor
Dichavo meus sentimentos prensados as letras que tem me salvado
Eu tô solta minhas letras que tem me salvado
Eu tô solta meus sentimentos prensados
Dichavo minhas letras que tem me salvado

[Refrão]
Criei asas no bairro pra voar pelo mundo
Com a vivência que avança pelo Brasil profundo