Visceral

[Verso]
Lei da atração, trouxe onde eu pensei
Mas nada acontece‚ só quando eu imploro
Eu também daria tudo que eu sei
Só pela metade do que eu ignoro
Enquanto eu respiro‚ eu me sinto um rei
Minha fé carrega esperança no colo
E se me der o louco‚ eu sumo de vez
Aí não vão me ver nem com olho de Hórus
A madame chamou de crioulo
A polícia chamou de bandido
Mas isso nunca me abalou
Pois na quebrada me chamam de mito
Anjos, demônios, olho no olho
A maldade conversou comigo
Se eu centro e conversa de tolo
Eu não perco mais tempo com isso
Nunca me iludi com folclores da antiga
Brincaram com a fé que eu tenho e doeu
Gali‚ desculpa, eu não creio na Bíblia
Mas o seu Deus é o mesmo que o meu
Não creio na fé forçada e oferecida
Pela mesma tela que acaba com os meus
Era ladrão pro jornal e a polícia
Mas nós já sabe o que que aconteceu
Toda vez que o povo morre, mano‚ nunca vem nada
Um deles baleado, dois minutos e já chega
Mais um não se ligou e caiu na cilada
O semblante da senhora lamentando outra perda
O pai quebrando a mãe porque tá louco de álcool
Enquanto a TV faz propaganda de breja
Pra ninguém ouvir, ele vai ligar o som alto
E se alguém ouvir, não vai falar nada mesmo
Quando é pra falar, os bico fica calado
Quando não precisa, vem apontar o dedo
Ninguém vai pegar se o crime é organizado
E ainda mais se na fronteira cê suborna o governo
Nunca chega livro, mas sempre chega arma
E a bola de neve vai seguindo o enredo
Enquanto tiver boy tacando fogo em quebrada
Vai acabar sequestro em bairro que é sem negro
Não importada nada, quantas vidas vão
Quantas mãe choram, quem tá de luto
Foco é a economia, então tira a saúde
Não investe no ensino que aí vai dar lucro
Deixa uns morrer pra sobrar espaço
E o resto burro vai ajudar muito
Comércio de mulher, jogadores caros
Tudo tem preço, pessoas, produtos

[Interlúdio]
- A palavra segredo é repugnante em uma sociedade aberta e livre
E nós como pessoas somos intrinsecamente e historicamente contra sociedades secretas, juramentos e procedimentos secretos. E decidimos há um tempo que o perigo do excessivo e injustificado encobrimento de fatos relevantes é mais grave do que os perigos que são citados para justificá-los

[Refrão]
Baby, eu só queria falar de amor
Mas nada é como eu quero
Eu vi que o preço não diz o valor
Meu frio precisa de calor
Eu tô sendo sincero
Baby, eu só queria falar de amor
Mas nada é como eu quero
Eu vi, que o preço não diz o valor
Meu frio precisa de calor
Eu tô sendo sincero